Política
Lula na ONU: “A guerra contra a fome é a única em que todos vencem”
Presidente brasileiro defende combate à fome e fortalecimento da democracia global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta terça-feira (23) a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso centrado na luta contra a fome, a desigualdade social e o autoritarismo. Como é tradição desde 1955, o Brasil foi o primeiro país a discursar na sessão, que marca os 80 anos de fundação da organização.
Lula afirmou que a pobreza é tão inimiga da democracia quanto os extremismos políticos e defendeu que o combate à fome deve ser a prioridade máxima da comunidade internacional. “A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza”, declarou.
O presidente também criticou as desigualdades no mercado de trabalho, especialmente a disparidade salarial entre homens e mulheres, e pediu uma revisão das prioridades globais, com menos gastos em guerras e mais investimentos em inclusão social.
Sem citar nomes, Lula condenou ataques recentes ao sistema político e judiciário brasileiro, reforçando a autonomia do Supremo Tribunal Federal e o compromisso do país com a democracia. “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.”
O discurso também abordou temas como:
• Reforma da ONU: Lula defendeu maior representatividade nas decisões internacionais e o fortalecimento do multilateralismo.
• Comércio internacional: Criticou medidas unilaterais que desorganizam cadeias de valor e pediu a refundação da OMC em bases modernas.
• Plataformas digitais: Alertou para o uso da internet na propagação de ódio e desinformação, defendendo regulação sem censura.
• América Latina: Rejeitou a classificação de Cuba como país terrorista e pediu diálogo sobre a Venezuela e apoio ao Haiti.
• Conflitos globais: Condenou o veto à participação da Palestina na ONU e pediu solução diplomática para a guerra na Ucrânia.
Lula encerrou o discurso homenageando o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o Papa Francisco, ambos falecidos em 2025, exaltando seus legados humanistas. Segundo ele, o futuro exige coragem para enfrentar desigualdades, autoritarismo e degradação ambiental.
A Assembleia Geral deste ano tem como tema “Melhor Juntos: 80 anos e mais para paz, desenvolvimento e direitos humanos” e reúne 193 Estados-membros e dois observadores: a Palestina e a Santa Sé.
