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Censo de Pessoas em Situação de Rua chega ao interior de Alagoas

Arapiraca, segundo município com maior número de pessoas em situação de rua no estado, é o primeiro a participar da nova fase da pesquisa

Por Agência Alagoas 25/09/2025 13h01
Censo de Pessoas em Situação de Rua chega ao interior de Alagoas
Pessoas em situação de rua respondem questionário do Censo - Foto: Agência Alagoas

Após percorrer ruas e visitar instituições em Maceió e em cidades da região metropolitana, o Censo Estadual da População em Situação de Rua iniciou as entrevistas no interior do estado. Arapiraca foi o primeiro município visitado nesta segunda etapa da pesquisa. Em dois dias de trabalho, os pesquisadores fizeram mais de 100 abordagens.

Em Arapiraca, a segunda cidade com maior concentração dessa população em Alagoas, os pesquisadores fizeram abordagens nas ruas e em instituições, como o Centro Pop, Albergue e Comunidades Terapêuticas. Outros locais ainda serão visitados, a exemplo de ocupações, onde as pessoas vivem em moradias precarizadas, o que também caracteriza situação de rua devido à vulnerabilidade em que se encontram.

As equipes também estiveram em Craíbas e Feira Grande. Enquanto parte do pesquisadores trabalha no agreste do estado, outros aplicam o questionário em União dos Palmares e Joaquim Gomes. Palmeira dos Índios e São Miguel dos Campos são as próximas cidades a serem visitadas. O censo tem como norte dados do CadÚnico que mostram a quantidade de pessoas em situação de rua nos municípios com essa realidade.

REUNIÃO COM INSTITUIÇÕES QUE ATUAM NA CAUSA


Na segunda-feira (22), o Governo de Alagoas se reuniu com diversas instituições que atuam na defesa dos direitos da população em situação de rua. Na reunião, conduzida pelo secretário de Estado da Comunicação, Wendel Palhares, representando o governador Paulo Dantas, foram apresentados os dados do primeiro mês do Censo da População em Situação de Rua em Maceió e debatidas ideias para execução da política estadual voltada para essas pessoas.

Estiveram presentes os representantes do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas, Luana Vieira, Andrezza Lima e Luciano Morais; o juiz federal do TRF5, Antônio Araújo, coordenador estadual da Comissão PopRuaJud e integrante do Comitê Nacional da População em Situação de Rua; a promotora do Ministério Público Estadual, Alexandra Beurlen, integrante do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua (Ciamp Rua); 

os defensores públicos estaduais Othoniel Pinheiro Neto, coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, e Lívia Telles; o presidente do Ciamp Rua, Mirabel Alves; a subsecretária de Assistência Social de Maceió, Gal Souza, além de gestores de diversas secretarias estaduais que trabalham de forma integrada nessa política.

“Eu estou muito feliz que o Estado de Alagoas está demonstrando esse interesse em abordar com profundidade o problema da pessoa em situação de rua, sem tratar com estigma e superficialidade, mas com a intenção de resolver de fato, de ir a fundo na demanda e resolver definitivamente a questão. O Censo tem respostas maravilhosas, mostra exatamente o perfil e as dificuldades dessas pessoas. Então, assim, estou muito feliz”, afirmou a promotora de justiça e integrante do Ciamp Rua, Alexandra Beurlen.




Para os representantes das instituições participantes da reunião, a realização do Censo para embasar políticas públicas efetivas para essa população representa o início de um novo tempo no estado com olhar amplo, atento e sensível para essas pessoas.

“Foi uma reunião muito produtiva porque apresenta um estudo que é central para a compreensão da população em situação de rua, o Censo. Então, a gente parabeniza o Governo do Estado de Alagoas e creio que agora é aprofundar no que pode ser aperfeiçoado, e o mais importante vai ser o debate sobre as políticas públicas necessárias para garantir os direitos sociais dessa população”, destacou o juiz federal e membro do Comitê Pop Rua Jud, Antônio Araújo.



No encontro, foram sugeridos alguns ajustes no censo e repescagem na cidade de Maceió com o intuito de atender ainda mais pessoas. Em um mês, os pesquisadores abordaram 1.453 pessoas na capital. Na semana que vem, o censo volta às ruas de Maceió para ampliar seu alcance. Após isso, uma nova reunião será agendada entre governo, comitê, movimento e instituições parceiras para debater o plano de ações em prol dessa população.



"Durante a reunião, tivemos oportunidade de conhecer uma pesquisa inédita no Brasil e bem minuciosa a respeito de dados — muitos dados — da população em situação de rua no Estado de Alagoas. Especificamente, foi o Censo da População em Situação de Rua do estado. Os encaminhamentos envolvem fazer mais alguns ajustes na pesquisa, alguns aprofundamentos e, diante desses dados, construir a política estadual da população em situação de rua. 

Nesse contexto, vamos estabelecer algumas ações e a Defensoria Pública irá participar, construindo parcerias com outras secretarias, por exemplo, com a Secretaria de Direitos Humanos. Também vamos trabalhar possibilidades de ações coletivas, não necessariamente ações judiciais, mas ações coletivas que possam abranger todos os benefícios à população em situação de rua no estado de Alagoas", acrescentou o defensor público estadual e coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, Othoniel Pinheiro Neto.