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Oficina de amarração de turbantes atrai público no estande da Semed na Bienal
A atividade valoriza ancestralidade, identidade negra e expressão cultural durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas
O turbante, símbolo de ancestralidade, resistência e elegância, tem conquistado estudantes da rede municipal e demais visitantes que passam pelo estande da Secretaria Municipal de Educação (Semed) durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O acessório, carregado de significados ligados à história e à identidade da população negra, está sendo celebrado por meio de uma oficina aberta ao público.
A atividade é conduzida pela afroempreendedora Tereza Olegário, da Olegário Turbantes, que integra arte, tradição cultural e valorização da identidade negra em cada amarração. A proposta tem atraído pessoas de diferentes idades e perfis.
“Além de expor meus produtos aqui na Bienal, estou participando de oficinas de turbante. Fui convidada pela prefeitura para realizar amarrações nas crianças e também em quem tem interesse em aprender como amarrar um turbante”, contou Tereza.
Para ela, o momento é simbólico por acontecer em um evento que também celebra o movimento negro e a cultura africana. Segundo Tereza, o objetivo principal é promover o reconhecimento e o amor próprio.
“Trago um pouco das arrumações e um pouco dos tecidos africanos embelezando essas cabeças. O objetivo é fazer com que as pessoas se aceitem mais, aceitem o tipo de cabelos, aceitem se amar e valorizar a nossa cor da pele, se sentir uma mulher preta e um homem preto”, destaca.
Tereza reforça que o turbante representa muito mais do que um acessório estético.
“Ele é identidade, é luta contra o racismo e a intolerância religiosa. Mais do que um acessório estético, são uma expressão cultural e espiritual ligada à história do povo negro e às religiões de matriz africana”, completou.
As oficinas seguem até domingo, sempre a partir das 14h, com vagas limitadas e prioridade para estudantes da rede municipal.
Entre as participantes, Jéssica Leite Andrade, de 32 anos, relatou que o momento marcou um reencontro com a própria imagem.
“Tenho cabelo cacheado e já passei por transição. Como não sabia cuidar do meu cabelo sempre usei ele preso. Sempre tive vontade de colocar um turbante, porque acredito que tem muito a ver com a nossa ancestralidade e com a nossa cultura. Eu queria me ver assim utilizando. Achei muito legal a iniciativa”, afirmou.
Também presente, Kalini Duarte, de 24 anos, reforçou o significado de quebra de barreiras.
“Eu amei a experiência. Acho que as pessoas criam muito rótulos. E acho que tudo é pra todos, então a gente precisa quebrar esse estigma que turbante é só pra cabelo cacheado, que não é pra todos, e sim pra todo mundo que tem vontade de fazer, que tem desejo de fazer. Qualquer pessoa que se sente bem e quer usar deve se permitir”, afirmou.


