Cooperativismo
Brasileiros associam prosperidade a bem-estar emocional, espiritual e social, aponta estudo
Pesquisa inédita do Sicredi e Datafolha revela como o país entende prosperidade e mostra que maioria se considera próspera, apesar das dificuldades
Um estudo inédito encomendado pelo Sicredi, em parceria com o Datafolha, revelou que, embora fatores econômicos tenham o maior peso na percepção de prosperidade entre os brasileiros, o conceito vai muito além do dinheiro. A pesquisa “O que é prosperidade para o brasileiro” foi apresentada nesta quarta-feira (3), em evento acompanhado por ampla presença da imprensa.
O levantamento buscou compreender como as pessoas definem prosperidade, o quanto se consideram prósperas e como vivenciam o tema no cotidiano. A pesquisa identificou quatro dimensões principais que estruturam esse entendimento: a econômica, relacionada a oportunidades, estabilidade e qualificação profissional; a psicológica, ligada ao bem-estar emocional e autoestima; a espiritual, associada a crenças, propósito e conexão; e a social, que envolve vínculos comunitários e relações sociais.
De acordo com o Datafolha, a dimensão econômica aparece como base dominante na definição de prosperidade, com 39% de relevância. As dimensões psicológica (26%), espiritual (21%) e social (14%) também têm peso significativo. “As quatro dimensões organizam a pluralidade de vivências do brasileiro em relação à prosperidade, permitindo entender como as pessoas pensam e agem sobre o tema”, explicou Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do instituto.
Percepção de prosperidade e diferenças demográficas
Apesar da importância dos fatores econômicos, 47% dos brasileiros afirmam prosperar “com dificuldade”, destacando desafios como instabilidade profissional, desigualdade no acesso a serviços e falta de apoio para lidar com dinheiro de forma segura. Ainda assim, a maioria avalia sua própria prosperidade de maneira positiva: 41% deram notas 9 ou 10 para o quanto se consideram prósperos, enquanto 40% atribuíram notas 7 ou 8.
A percepção varia entre grupos. Mulheres se consideram mais prósperas que homens (47% contra 34%), e o sentimento cresce com a idade — de 28% entre jovens de 16 a 24 anos para 49% entre pessoas com 60 anos ou mais. O Nordeste é a região com maior sensação de prosperidade (49%), seguida pelo Norte (45%). Moradores do interior também se sentem mais prósperos do que os de regiões metropolitanas.
Entre pessoas com maior escolaridade, a percepção de prosperidade total é menor — 30% entre quem tem ensino superior, contra 54% entre os que têm ensino fundamental. Segundo Paulo Alves, isso ocorre porque “grupos com renda e escolaridade mais altas tendem a ter expectativas maiores e a perceber um caminho mais longo até alcançar um ideal de prosperidade”.
Relação com instituições financeiras
O estudo também investigou a conexão entre prosperidade e instituições financeiras. Para grande parte da população de classes mais baixas, essa relação é marcada por distância e desconfiança, geralmente associada a dívidas e falta de orientação. Já entre as classes AB, o vínculo é mais organizado, embora persista o receio diante da instabilidade econômica.
A pesquisa mostra que brasileiros que se sentem mais prósperos utilizam mais produtos financeiros: em média, 4,6 por pessoa, contra 3,8 entre os que se consideram pouco prósperos. O cooperativismo de crédito aparece como destaque nesse cenário: 86% das pessoas que se relacionam com cooperativas se dizem prósperas, índice que chega a 92% entre associados do Sicredi.
“Prosperidade não é apenas sobre renda, mas sobre acesso e orientação financeira. Quando as pessoas encontram instituições que oferecem confiança e proximidade, sentem-se mais seguras para planejar seus objetivos”, afirmou Alexandre Barbosa, diretor-executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em duas etapas: uma fase qualitativa, com grupos focais e pesquisa teórica, e outra quantitativa, que entrevistou 2.003 pessoas em 113 cidades de 25 estados entre 8 e 17 de setembro de 2025. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança. O estudo ouviu homens e mulheres a partir de 16 anos, de diferentes classes sociais e de todas as regiões do país.

