Cooperativismo

Educação corporativa fortalece a gestão e acelera resultados nas cooperativas

Aprendizado contínuo se consolida como pilar estratégico em meio às transformações tecnológicas, sociais e ambientais

Por Redação com Mundo Coop 02/12/2025 19h07
Educação corporativa fortalece a gestão e acelera resultados nas cooperativas
Educação corporativa fortalece a gestão e acelera resultados nas cooperativas - Foto: Reprodução

Em um cenário marcado pela velocidade, pela digitalização e pela complexidade dos desafios sociais e ambientais, a educação corporativa deixou de ser um diferencial e se tornou um componente indispensável para a estratégia das organizações. O que há algumas décadas era visto como gasto extra hoje é reconhecido como investimento capaz de fortalecer a gestão, ampliar a competitividade e acelerar resultados — especialmente no cooperativismo.

A mudança reflete a evolução da própria sociedade. O conhecimento passou a ser compreendido como um ativo em renovação constante e capaz de acompanhar todas as fases da vida profissional. A formação contínua, antes associada apenas à atualização técnica, agora se integra ao propósito organizacional, fortalecendo equipes e preparando lideranças.

A educação corporativa vive uma transformação profunda. Se antes cursos longos e genéricos dominavam o ambiente empresarial, hoje cresce a demanda por formações breves, customizadas e de aplicação imediata. Para Leonidas Albano, coordenador da Incubadora de Empresas da PUC Goiás, essa mudança é decisiva para que as organizações compreendam a educação como ativo estratégico.

“O que se busca hoje são intervenções pontuais, personalizadas e com altíssimo impacto. Quando o resultado é claro e mensurável, a formação passa a ser reconhecida como investimento”, afirma.

Nesse contexto, a educação corporativa passa a ser vista não apenas como treinamento, mas como método de gestão. Ao alinhar estratégia, cultura e inovação, as organizações criam ambientes mais dinâmicos e preparados para enfrentar mercados competitivos.

A expansão da educação corporativa depende também da aproximação entre academia e setor produtivo. A universidade deixa de ocupar um papel restrito à teoria e assume a função de parceira na criação de soluções aplicáveis.

Para Pablo Murta, coordenador do curso de Cooperativismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), essa adaptação é contínua. Ele destaca que a educação precisa estimular o reconhecimento das pessoas como parte ativa dos processos organizacionais e responder às demandas reais do mercado.
“Buscamos adequar a formação às demandas do setor e às competências exigidas pelo mercado de trabalho. Essa adaptação garante que nossos egressos estejam preparados para enfrentar desafios contemporâneos”, ressalta.

Albano complementa que modelos de inovação aberta, comuns em países desenvolvidos, passam a ganhar força no Brasil, aproximando ainda mais academia e empresas e transformando conhecimento científico em impacto prático.

Empresas e universidade

A integração entre universidade, empresas e cooperativas também amplia o alcance social da educação. Em um momento em que organizações reforçam o discurso sobre sustentabilidade, é a formação qualificada que permite lidar com a complexidade dos desafios socioambientais.

Profissionais bem preparados interpretam cenários, tomam decisões embasadas e colaboram na construção de soluções coletivas. Esse impacto ultrapassa o ambiente corporativo e se estende às comunidades, fortalecendo redes sociais e ampliando a capacidade de transformação.

Albano destaca que a formação precisa ir além do indivíduo: “Pensar a formação do ser humano é pensar em uma educação que vai além do indivíduo, alcançando o contexto social em que ele está inserido”.

O cooperativismo surge como inspiração para empresas de todos os segmentos. Ao valorizar a coletividade, o modelo estimula a circulação de conhecimento, a colaboração e a integração de valores.
Para Albano, quem vive ambientes cooperativos já possui vantagem em processos de inovação: “Quem já tem experiência em ambientes cooperativos está naturalmente mais preparado para a inovação, porque já desenvolveu a colaboração como valor”.

Na UFV, essa lógica é aplicada de forma prática. Murta explica que o cooperativismo é vivenciado diariamente pelos estudantes, fortalecendo compromisso ético, visão crítica e capacidade de inovação.

 Inteligência ampliada como horizonte

A transformação digital adiciona novos desafios. A inteligência artificial redefine a forma de aprender, trabalhar e gerir equipes. Para Albano, porém, o foco não deve estar na substituição humana: “A inteligência artificial deve ser utilizada para ampliar e não substituir a inteligência humana”.

Pablo acrescenta que a internacionalização da educação é outro eixo fundamental. Ao projetar o curso de Cooperativismo da UFV para além das fronteiras brasileiras, a instituição busca consolidar-se como referência latino-americana e preparar profissionais capazes de atuar em diferentes contextos globais.

A formação contínua, hoje, é vista como ferramenta de gestão, desenvolvimento humano e inovação. Especialmente no cooperativismo, ela garante a preparação de lideranças aptas a sustentar modelos econômicos e sociais sustentáveis.

À medida que organizações enfrentam cenários cada vez mais complexos, a valorização da educação como pilar estratégico deixa de ser tendência e se torna condição essencial para o futuro.