Agro

Trump mantém tarifa do açúcar e frustra setor sucroenergético de AL

O estado responde por cerca de metade do volume exportado pelo Brasil nesse regime especial, que garante embarques anuais entre 180 mil e 200 mil toneladas sem a tarifa-padrão

Por Blog do Edivaldo Junior 22/11/2025 14h02 - Atualizado em 22/11/2025 15h03
Trump mantém tarifa do açúcar e frustra setor sucroenergético de AL
Carregamento de cana em Alagoas - Foto: Edivaldo Junior

O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nessa quinta-feira (21/11)de zerar a tarifa adicional de 40% para mais de 200 produtos brasileiros reacendeu o debate comercial entre Brasília e Washington. Café, cacau, açaí, frutas e até a carne bovina entraram na lista de exceções. O açúcar, contudo, ficou de fora.

Para Alagoas, maior exportador de açúcar para os Estados Unidos dentro da chamada Cota Americana, a medida é amarga. O estado responde por cerca de metade do volume exportado pelo Brasil nesse regime especial, que garante embarques anuais entre 180 mil e 200 mil toneladas sem a tarifa-padrão. Mesmo dentro da cota, porém, o tarifaço de 40% continua valendo para o açúcar brasileiro — e isso compromete a competitividade do produto alagoano no mercado americano.

Num momento em que o setor sucroenergético enfrenta sua crise mais severa dos últimos anos, a decisão chega como mais um golpe. O preço do açúcar no mercado internacional vem recuando desde o ano passado, reduzindo receitas e pressionando toda a cadeia produtiva. A cotação açúcar na bolsa de Nova Yorque para o açúcar VHP (exportação) é de US$ 14,68 cents por libra peso ou cerca de 16,16 dólares por saco, que em conversão direta fica abaixo de 100 reais.

O saco de 50 quilos do açúcar cristal, que já foi negociado por mais R$ 180 na safra 2024/2025 estã em queda na safra 25/26, fechando outubro em média a R$ 143 em Alagoas (Cepea) e a R$ 131,81 no dia 14 de novembro. A queda no preço do produto afeta fornecedores, produtores, trabalhadores e usinas, que já registram demissões em plena safra — algo incomum no setor.

A manutenção da tarifa agrava ainda mais esse cenário. Como explicou o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira, o açúcar da cota americana representa entre 15% e 20% do faturamento externo do setor em Alagoas. Com a taxação, parte desse valor se perde, reduzindo margens e encurtando o fôlego das empresas.

O encontro recente entre Lula e Trump gerou expectativas de reabertura das negociações comerciais. A equipe diplomática brasileira busca inserir o açúcar na lista de produtos beneficiados pela retirada da tarifa, movimento considerado essencial para proteger empregos, renda e competitividade do setor sucroenergético alagoano.

Pedro Robério Nogueira disse ao blog que a expectativa do setor em Alagoas é que as negociações diplomáticas entre o Brasil e os EUA continuem. Por enquanto, porém, o estado ficou de fora da rodada de alívio tarifário. Em resumo, Alagoas continua com “sabor amargo” no debate sobre o tarifaço.

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