Política
A Caatinga fica fora da COP-30; deputado de AL alerta para a omissão
Segundo Loiola, a exclusão desses dois temas da pauta da COP-30 representa uma falha relevante na agenda ambiental
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que está sendo realizada em Belém (PA) entre os dias 10 e 21 de novembro trata dos principais ambientais do planeta, mas deixou de fora dois temas essenciais para o Nordeste brasileiro: a preservação do bioma Caatinga e a degradação do rio São Francisco.
O alerta foi feito pelo deputado Inácio Loiola (MDB/AL), que manifestou sua preocupação durante sessão na Assembleia Legislativa de Alagoas na quarta-feira (12/11). Ele chamou atenção para o fato de que a Caatinga ocupa cerca de 70% da área territorial nordestina — sendo um bioma exclusivo do Brasil — e que o São Francisco tem papel estratégico no abastecimento hídrico, na irrigação, energia e lazer em vários estados da Região.
Segundo Loiola, a exclusão desses dois temas da pauta da COP-30 representa uma falha relevante na agenda ambiental, sobretudo tendo em vista os desafios de desertificação, degradação ambiental e escassez hídrica que afetam a região.
Por que a ausência é grave
1. Direto ao ponto: a Caatinga, muitas vezes tratada como “semiárido” ou “menos valiosa”, tem ecossistemas e funções climáticas tão importantes quanto as florestas tropicais mais famosas. Ignorá-la em fóruns globais limita a visibilidade de suas especificidades e fragilidades.
2. Relevância hídrica e socioeconômica: o Rio São Francisco supre cerca de 95% da energia gerada pela Chesf em sua bacia e abastece diversos estados. Sua degradação coloca em risco milhares de comunidades, sistemas de irrigação e cadeias produtivas.
3. Imagem internacional e turismo ambiental: com o Brasil apresentando-se como protagonista em clima e biodiversidade, a omissão de temas nordestinos críticos compromete tanto a consistência da política ambiental nacional quanto oportunidades de investimento em conservação, turismo e pesquisa na Caatinga e no São Francisco.
Oportunidades para Alagoas e o Nordeste
É um e equívoco grave que a Caatinga e o Rio São Francisco tenham ficado fora de discussões como as da COP-30. Se queremos políticas ambientais verdadeiramente nacionais, que façam justiça à diversidade territorial do Brasil, é preciso que os biomas secos e os grandes rios do Nordeste entrem no foco.
Como jornalista que acompanha política, economia, agronegócio e desenvolvimento regional, entendo que essa lacuna pode custar bem mais que visibilidade: pode custar oportunidades de investimento, preservação ambiental e bem-estar social. Alagoas, o Sertão, as margens do São Francisco esperam por políticas que reconheçam sua importância e tragam novas oportunidades de desenvolvimento:
- Incentivo a políticas de restauração ecológica da Caatinga, que podem gerar emprego, renda rural e proteção de mananciais.
-Abertura de financiamentos internacionais para preservação e uso sustentável desses ecossistemas.
- Desenvolvimento de ações de monitoramento, pesquisa e inovação voltadas para climas secos e regiões semiáridas — cenário que a Caatinga encarna.
- Maior protagonismo das comunidades locais e dos estados nordestinos na formulação de políticas climáticas e ambientais, corrigindo uma histórica sub-representação.


