Política
JHC fica até o fim do mandato, afaga os Calheiros e desagrada Lira
A decisão teria gerado “desconforto” evidente em Arthur Lira, que queria um palanque com JHC para disputar o Senado

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, deixou claro a aliados (embora não tenha declarado nada publicamente) que vai cumprir o mandato até o fim, em 2028, encerrando expectativas de uma candidatura ao governo do estado em 2026.
A decisão teria gerado “desconforto” evidente em Arthur Lira, que queria um palanque com JHC para disputar o Senado.
A informação é da jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no O Globo. Foi ela quem inicialmente noticiou que “JHC buscara um acordo com Lula”, articulando sua permanência no cargo como condição para o desembarque em uma vaga do STJ para sua tia Maria Marluce Caldas Bezerra.
Igualmente, foi Malu que antecipou o “acordo de JHC com os Renans”, abrindo caminho para que Renan Filho reassuma protagonismo político no estado.
Agora, Malu Gaspar volta à cena com nova informação exclusiva: “ele fica até o final do mandato”, uma estratégia que favorece mais os Calheiros do que Lira (análise minha).
Se a permanência de JHC de fato fragiliza ou desagrada Lira — que esperava formar uma chapa com o prefeito e ampliar sua influência eleitoral —, o movimento coloca os Calheiros em posição de vantagem.
O espaço que se abre favorece Renan Filho, que pode disputar o governo de Alagoas praticamente sem adversários.
O movimento de JHC — antecipado por Malu — pode redimensionar os planos eleitorais para 2026 em Alagoas, alterando o jogo de alianças e posturas estratégicas.
Leia o que diz o blog da Malu
Prefeito de Maceió sinaliza permanência no cargo e desagrada Lira, que mira Senado
O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, sinalizou a aliados que cumprirá o mandato até o fim, em 2029, e não disputará o governo de Alagoas nas eleições do ano que vem. Essa foi a contrapartida prometida por ele ao governo Lula em troca da indicação de sua tia, Maria Marluce Caldas Bezerra, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Só tem um problema: a desistência contraria o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), que planeja concorrer ao Senado Federal na chapa de JHC.
Marluce teve a indicação aprovada pelo Senado na última quarta-feira (13), com 64 votos a favor e nenhum contrário. Atual procuradora do Ministério Público de Alagoas ela passou por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, onde esteve acompanhada por JHC.
A decisão do prefeito de permanecer no cargo favorece a família Calheiros no jogo político local. Sem a concorrência do prefeito, o caminho fica aberto para o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), disputar novamente o comando do estado que governou entre 2015 e 2022. O atual governador, Paulo Dantas (MDB), que trabalhou contra a indicação de Marluce, não pode disputar a reeleição.
Lira é adversário do clã e, nessa configuração, enfrentaria diretamente o senador Renan Calheiros (MDB-AL) na corrida eleitoral. Em 2026 haverá duas vagas para o Senado em disputa, mas, além dos dois caciques políticos, também podem concorrer Dantas e o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil).
Nesse contexto, para Lira seria estratégico colar sua imagem a JHC como candidato ao governo, porque o prefeito comanda o maior colégio eleitoral do estado e aparece empatado com Renan Filho em algumas pesquisas.
A vaga no STJ para a qual Marluce foi escolhida agora está aberta desde outubro de 2023, mas Lula vinha protelando a indicação. O prefeito e outros aliados da nova ministra vinham fazendo campanha por ela desde então, mas o governo federal condicionou a nomeação à solução do impasse em Alagoas e exigiu de JHC o compromisso de não se candidatar ao governo. Ele, porém, não verbalizou o compromisso publicamente.
O prefeito ainda chegou a consultar Lira antes de fechar o acordo com Lula, mas o ex-presidente da Câmara disse que não só não endossava o acerto como esperava que JHC que cumprisse o acordo que já tinha sido feito entre eles antes, de formar uma chapa em 2026.
Nos últimos dias, aliados do prefeito disseram à equipe da coluna que o prefeito está disposto a cumprir a palavra dada a Lula e não se candidatar a nada nas próximas eleições.
Em Alagoas, a piada entre aliados e adversários é que o difícil é saber qual acordo JHC vai cumprir – ou, em outras palavras, quem ele vai deixar na mão.
“Não dá para saber se, depois que Marluce já estiver nomeada, JHC realmente vai cumprir a promessa feita a Lula, dado o seu histórico de promessas não cumpridas”, alfinetou um interlocutor de Lira.
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Prefeito de Maceió sinaliza permanência no cargo e desagrada Lira, que mira Senado
