Política
Câmara dos Deputados terá 18 novas cadeiras a partir de 2026 após aprovação no Senado
Apesar da promessa de manter gastos congelados até 2030, ampliação enfrenta críticas por possível impacto de R$ 150 milhões anuais

O Senado aprovou nesta quarta-feira (26) o projeto de lei complementar que amplia de 513 para 531 o número de deputados federais na Câmara a partir das eleições de 2026.
A proposta, que passou com 41 votos a favor e 33 contrários, determina que a criação das 18 novas cadeiras não poderá resultar em aumento de despesas reais entre 2027 e 2030.
Devido às alterações feitas no texto, a proposta retorna agora para nova análise dos deputados.
O relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), incorporou sugestões que impõem limites orçamentários: nesse período, os custos com verbas de gabinete, cotas parlamentares, passagens aéreas e auxílio-moradia só poderão ser reajustados pela inflação.
"Não haverá impacto orçamentário de nenhum centavo", garantiu o relator no plenário. No entanto, senadores contrários alertaram que o acréscimo de parlamentares implicará em aumento de gastos indiretos com infraestrutura, assessores, moradia e emendas parlamentares.
“Sabemos que vai ter impacto. Será que os deputados vão abrir mão das suas emendas para acomodar os 18 que vão entrar? É claro que não”, criticou o senador Eduardo Girão (Novo-CE).
Outra mudança polêmica foi a retirada da previsão de auditoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que, inicialmente, permitiria contestação dos dados usados na redistribuição por partidos ou estados.
Conforme o texto aprovado, a redistribuição de cadeiras será baseada exclusivamente nos dados de censos populacionais realizados pelo IBGE, descartando o uso de estimativas.
A próxima atualização está prevista para ocorrer após o Censo de 2030.
Origem e contexto
O projeto atende a uma exigência do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou ao Congresso a redistribuição do número de deputados federais com base na população de cada estado. A Constituição Federal exige essa atualização antes de cada eleição, mas a última revisão ocorreu em 1993.
Para evitar perda de cadeiras em estados com redução populacional — como Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul — os parlamentares optaram por ampliar o total de vagas, em vez de redistribuí-las com base estrita no critério proporcional.
Estados que terão mais representantes na Câmara:
Pará: +4 deputados
Santa Catarina: +4
Amazonas: +2
Mato Grosso: +2
Rio Grande do Norte: +2
Ceará, Goiás, Minas Gerais e Paraná: +1 cada
Efeito cascata nos estados
A medida também afeta os legislativos estaduais. Pela Constituição, cada Assembleia Legislativa deve contar com o triplo do número de deputados federais de seu estado, até o limite de 36, acrescido da diferença entre a bancada federal e 12. Com isso, estados contemplados com novas vagas na Câmara deverão, proporcionalmente, ampliar o número de deputados estaduais.
