Política

“Nunca houve uma gestão tão ruim para a educação”, diz Sinteal durante greve da rede municipal de Maceió

Movimento paredista iniciado por falta de negociação com a gestão JHC denuncia precarização estrutural, adoecimento de profissionais e descaso com alunos da rede

Por Redação 06/05/2025 15h03
“Nunca houve uma gestão tão ruim para a educação”, diz Sinteal durante greve da rede municipal de Maceió
Sinteal protesta em frente à prefeitura de Maceió - Foto: Reprodução

A rede municipal de educação de Maceió está em greve. A paralisação foi iniciada após a prefeitura, comandada pelo prefeito JHC (PL), não apresentar uma contraproposta à pauta salarial e estrutural dos trabalhadores até o prazo definido em assembleia da categoria, realizada no último dia 26. 

A vice-presidente do Sindicato dos/as Trabalhadores/as da Educação de Alagoas (Sinteal), Consuelo Correira, resumiu o sentimento da categoria: “Nunca houve uma gestão tão ruim para a educação como esta. Fizemos uma assembleia no dia 26, tivemos uma semana inteira para que a gestão apresentasse uma contraproposta, e infelizmente ela não veio. Então, é o último recurso do qual lançamos mão, que é a greve”.  

O movimento paredista teve início com uma manifestação em frente à sede da Prefeitura de Maceió. Professores, coordenadores e apoiadores da educação pública levaram cartazes, faixas e discursos denunciando o descaso da atual gestão. As demandas incluem reajuste salarial, melhorias no transporte escolar, climatização das salas de aula e valorização profissional.  

A professora Márcia da Silva fez um apelo à sociedade: “Reivindicamos por questões salariais, mas também por nossos alunos, transportes, pais e a climatização nas salas superaquecidas. Venha você também fazer parte desse movimento, porque esse movimento não é meu, é nosso”.  

Durante o protesto, a coordenadora pedagógica Simone Lima relatou as consequências diretas da falta de estrutura e da pressão vivida pela categoria. “Temos professores adoecendo, sérios problemas mentais, problemas de saúde por conta da instabilidade em que nos encontramos agora com essa prefeitura”, afirmou.  

Mães de alunos com deficiência também participaram da manifestação e reforçaram o apoio aos profissionais. Sarah Gomes, mãe de uma jovem com autismo, relatou a precariedade do transporte escolar e criticou a proposta de mudança na portaria que regula o número de alunos atípicos por profissional de apoio. “Estou sendo prejudicada com o transporte sucateado, com a falta de pais, profissionais de apoio. Vai lá na minha casa, prefeito. Fica com a minha filha, que eu quero ver tu dar conta dela numa sala de aula, e com ela ou mais dois ou três. Estamos aqui pedindo socorro e gritando em nome de todos”. 

No início da tarde da segunda-feira, 5, durante o ato, o presidente do Sinteal, Izael Ribeiro, recebeu uma ligação da secretária de Gestão de Maceió, Meire Soares, que convidou a diretoria do sindicato para apresentar uma nova proposta de reajuste. O teor da proposta será informado e discutido com a categoria em nova assembleia.  

“Mais uma rodada de negociação importante. A nossa luta tem feito com que o gestor comece a se preocupar com a educação, porque ele não tem preocupação nenhuma. Viemos ouvir a proposta e iremos deliberar sobre ela na próxima assembleia. A greve não acabou. Continuamos mobilizados”, garantiu Ribeiro. 

Nesta próxima quarta-feira, o Sinteal segue em greve. Os manifestantes estarão em ato na Câmara de Vereadores de Maceió. Já na sexta, dia 9, em assembleia geral de avaliação da proposta da gestão e deliberação sobre os rumos da greve, no Centro Cultural do Sinteal.