Política

Diagnóstico aponta fragilidades em obras do Canal do Sertão

Expectativa é que o relatório final seja apresentado em maio de 2022

Por Redação com Assembleia Legislativa de Alagoas 11/10/2021 11h11 - Atualizado em 11/10/2021 11h11
Diagnóstico aponta fragilidades em obras do Canal do Sertão
Parlamentares e representantes de órgãos e entidades públicas e privadas participaram da audiência - Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (8), dezenas de agricultores, representantes de sindicatos, associações e entidades estiveram presentes na audiência pública realizada em Delmiro Gouveia. Os presentes concordaram com o diagnóstico do trabalho “Elaboração de Proposta do Modelo de Gestão do Canal Adutor do Sertão Alagoano” que foi apresentado e discutido durante audiência.

O estudo realizado visou apontar as fragilidades da obra (nos quesitos infraestrutura; operação e manutenção; institucional e econômico-financeiro) e destacou que, entre outros pontos: a necessidade de conservação e manutenção preventiva e corretiva das estruturas atuais e futuras; os riscos de não ter gestão e não haver sustentabilidade econômico-financeira; a possibilidade de necessitar de subsídios; e as necessidades de projeto de desenvolvimento regional, do reforço do papel da Seagri no processo e de estudo para escoamento da produção.

Os engenheiros civis Vitor Carvalho Queiroz e Rodrigo Flecha Ferreira Alves, respectivamente, diretor da HIDROBR e consultor especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental, pontuaram que entre os problemas encontrados no Canal estão: o funcionamento inadequado das estruturas de comportas devido ao furto de equipamentos; funcionamento deficitário da Estação Elevatória; não implantação dos sistemas derivados previstos (para irrigação e abastecimento humano); insuficiência de corpo técnico e recursos para atender todas as necessidades de operação e manutenção; ausência de tarifação pela adução de água bruta aos usuários do Canal, levando ao uso inadequado da água; e ausência de regras operacionais estabelecidas a partir de um mapeamento e controle dos usos ao longo do eixo principal da obra.

Além disso, foram apontadas também a ausência de informações e dados sistematizados sobre o Canal; ausência de capacitação e assistência técnica estruturada aos agricultores usuários do Canal; insuficiência da articulação entre diferentes órgãos para o desenvolvimento do projeto e da região; custos elevados de energia elétrica; demandas de gastos ainda não atendidas; recursos insuficientes e ausência de fontes seguras e estáveis de financiamento.

Foi ressaltado que em 2020 apenas os custos diretos (energia, vigilância, pessoal, etc.) do Canal foram quase R$ 5 milhões, e segundo Rodrigo Flecha, os custos estão sendo cobertos de maneira amadora:"como a própria deputada Jó Pereira já reforçou, o estado precisa ter um projeto de desenvolvimento regional para o Canal. Sentimos falta de um projeto de Estado”.

Grande parte dos presentes ouvidos na audiência elogiou a iniciativa de realizar o encontro e concordou que o diagnóstico apresentado é um retrato preciso da realidade atual do Canal do Sertão.

Entre os depoimentos mais recorrentes foi citado que a obra não é pensada e planejada para os pequenos agricultores que, conforme disseram vários deles, “morrem de sede em frente ao Canal”. Além disso, foram feitas cobranças acerca de um projeto de desenvolvimento para a obra.

A deputada Jó Pereira, que solicitou a audiência, afirmou que “o Canal tem história, trajetória e precisa chegar ao seu final, gerando transformações, renda, garantia hídrica e o desenvolvimento que está prometido desde os primeiros projetos, desde as primeiras eleições que tiveram a obra como argumento de campanha. Só exigindo coerência nos projetos e na continuidade dessa obra, pararemos de sonhar e iniciaremos a concretude do realizar”.

Participaram da audiência pública o senador Rodrigo Cunha; o deputado estadual Inácio Loiola; a prefeita de Delmiro Gouveia, Ziane Costa; o prefeito de Poço das Trincheiras, José Valmiro, representando a AMA; Josealdo Tonholo, reitor da Ufal; Carlos Guedes, reitor do Ifal; Mário César, presidente da Agecsa; José Maciel Oliveira, presidente do CBHSF; além de outros gestores de vários municípios e representantes de sindicatos, da Semarh, Casal, Fetag, MST, Colegiado Territorial do Alto Sertão, Emater, IMA, Sebrae, dezenas de agricultores e demais entidades da sociedade civil organizada.