Política

MPE vai investigar pesquisas eleitorais irregulares em Alagoas

Apuração será realizada em todo Brasil e deve ser gerida pelos próprios estados e municípios

Por Novo Extra 04/11/2020 11h11
MPE vai investigar pesquisas eleitorais irregulares em Alagoas
Tribunal Superior Eleitoral | Foto: Reprodução

O Ministério Público Eleitoral (MPE) afirmou, ontem, que vai apurar supostas irregularidades em pesquisas sobre eleições municipais de cidades de todo o país, incluindo pesquisas realizadas em Alagoas. De todas as unidades da federação, segundo o MPE, apenas Ceará, Paraíba, Distrito Federal e Roraima não têm registro de pesquisas feitas com recursos próprios das empresas, sem serem encomendadas por partidos políticos ou por terceiros que possam estar “diretamente interessadas nas eleições”. 

As empresas que mais realizaram esses levantamentos com recursos próprios no país este ano, foram Ipop, Real Time e Publi QC. Em Maceió, a Real Time registrou ao menos uma pesquisa eleitoral, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

As investigações que devem ser geridas por autoridades dos próprios estados e municípios, foram iniciadas após a própria Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) entrar com representação na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) denunciando o alto número desse tipo de pesquisas.

Segundo os dados levantados pela Abep, mais de 70% das pesquisas realizadas até a terceira semana de agosto no país foram custeadas com dinheiro próprio. Ao todo, R$ 27 milhões foram investidos em 1,3 mil pesquisas registradas na Justiça Eleitoral até o período. 

De acordo com os registros do TSE, os estudos autofinanciados cresceram 278%, em relação a 2016. Assinado pelo presidente da Abep, Duilio Novaes, um pedido de investigação foi encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras. A suspeita no setor é que muitos desses trabalhos registrados sequer tenham sido feitos.

A Abep acredita também que pode haver situações de políticos pagando pesquisas com dinheiro de caixa dois, lavagem de dinheiro e registro protocolado no TSE meramente para dar aparência de legalidade em propaganda mentirosa.

“A maioria desses levantamentos foi promovida na metodologia face a face, o que exige o deslocamento dos entrevistadores e, consequentemente, um custo de execução maior do que em outros métodos de coleta”, afirmou nota do MPF. No ofício do MP, o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, afirma que, se confirmada, a ilicitude tem “potencial para influir negativamente na transparência e integridade do processo eleitoral”. 

O registro de pesquisa no TSE é obrigatório para resultados que serão veiculados pela imprensa ou na propaganda eleitoral. O convencional é que pesquisadores sejam contratados por jornais, TVs, bancos, partidos ou sindicatos interessados na divulgação. É assim que normalmente atuam as marcas mais conhecidas do setor, como Datafolha, Ibope, Ipespe e Vox Populi. 

Não há prazo específico para que as procuradorias regionais peçam informações às empresas, mas elas foram orientadas a informar se receberam encomendas de pesquisas por terceiros e, se sim, por quais valores as realizaram.