Política

Calheiros fala sobre o AI5: “É nossa página mais infame”

Em sua conta no Twitter, o senador comentou a decisão do STF e criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Por Blog do Edivaldo Junior - Gazeta Web 22/04/2020 08h08
Calheiros fala sobre o AI5: “É nossa página mais infame”
Reprodução - Foto: DIDA SAMPAIO

O Supremo Tribunal Federal autorizou, na última terça-feira, 21, a abertura de inquérito para investigar atos em favor do AI-5 e do fechamento de instituições republicanas.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a instauração de inquérito, conforme requerido pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e a realização das diligências solicitadas; mantendo a investigação em sigilo, como requerido pela PGR.

Em sua decisão, o ministro salientou que o fato, tal como narrado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, revela-se gravíssimo, pois atentatório ao Estado Democrático de Direito brasileiro e suas instituições republicanas.

Em sua conta no Twitter, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) comentou a decisão do STF e criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por supostamente atentar contra a democracia.

“A bipolaridade golpista de Jair Bolsonaro é recorrente. Ataques a liberdade de imprensa, aos Estados e aos outros Poderes também”, disse o senador.

Pra Renan Calheiros, o “ AI 5 é nossa página mais infame. As instituições precisam responder energicamente a essa espiral absolutista.”, apontou.

Inconstitucional

O ministro Alexandre Morais apontou, na sua decisão, que a Constituição Federal não permite o financiamento e a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático (CF, artigos 5º, XLIV; 34, III e IV), nem tampouco a realização de manifestações visando ao rompimento do Estado de Direito, com a extinção das cláusulas pétreas constitucionais – voto direto, secreto, universal e periódico; separação de poderes e direitos e garantias fundamentais (CF, artigo 60, parágrafo 4º) –, com a consequente instalação do arbítrio.

Morais, salientou que a liberdade de expressão e o pluralismo de ideias são valores estruturantes do sistema democrático. A livre discussão, a ampla participação política e o princípio democrático estão interligados com a liberdade de expressão e por objeto não somente a proteção de pensamentos e ideias, mas também opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, no sentido de garantir a real participação dos cidadãos na vida coletiva.

O ministro reforçou, ainda, que dessa maneira, são inconstitucionais, e não se confundem com a liberdade de expressão, as condutas e manifestações que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático. Também ofendem os princípios constitucionais aquelas que pretendam destruí-lo, juntamente com instituições republicanas, pregando a violência, o arbítrio, o desrespeito aos direitos fundamentais. Em suma, pleiteando a tirania.

A decisão concluiu ser imprescindível a verificação da existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a Democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os Direitos Fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao Estado Democrático de Direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura.