Polícia

Passo a passo: como a PF desvendou esquema de fraudes em concursos em AL e outros estados

Apuração detalha atuação de organização familiar sediada em Patos (PB) que cobrava até R$ 500 mil por vaga

Por Redação* 09/10/2025 11h11
Passo a passo: como a PF desvendou esquema de fraudes em concursos em AL e outros estados
Concurso - Foto: Agência Brasil

A investigação da Polícia Federal que culminou na Operação Última Fase (também chamada de Gabarito) revelou a existência de uma organização criminosa de caráter familiar, com atuação em várias unidades da Federação e base em Patos (PB), especializada em fraudar concursos públicos. Segundo a apuração, o grupo cobrava valores elevados por cada vaga — chegando a R$ 500 mil em alguns casos — e tinha métodos para contornar os mecanismos de segurança das bancas examinadoras. A apuração teria partido da identificação de inconsistências em certames anteriores, como o concurso para Agente da PF de 2009.

De acordo com as investigações, o grupo utilizava dublês, pontos eletrônicos implantados com auxílio médico e acesso antecipado aos gabaritos para garantir as aprovações. A operação também identificou práticas de lavagem de dinheiro por meio da compra de veículos, aquisição de ouro e uso de terceiros para ocultar recursos.

Entre as pessoas apontadas como principais investigadas estão:

  • Wanderlan Limeira de Souza — ex-PM (expulso da corporação na Paraíba), apontado como líder e com histórico criminal; aprovado no CNU para AFT;
  • Wanderson Gabriel (filho) — já alvo em apurações anteriores de fraude (PM/PB);
  • Larissa de Oliveira Neves — residente em São Paulo, que viajou a Patos (PB) para realizar prova do CNU, mesmo com locais de aplicação disponíveis no país;
  • Valmir Limeira de Souza, Larissa de Oliveira Neves, Ariosvaldo Lucena e Luiz Paulo Silva dos Santos — citados como reincidentes em mais de 67 fraudes.

Foram colhidas diversas provas durante a apuração, entre elas gabaritos idênticos entre candidatos (inclusive com os mesmos erros), inclusão de candidatos com padrões semelhantes de fraude (como Laís Giselly Nunes de Araújo), interceptações telefônicas e quebras de sigilo bancário que apontaram movimentações compatíveis com o esquema.

A PF detalhou o modo de operação do grupo: comunicação por meio de pontos eletrônicos e utilização de dublês para realizar as provas; cobrança de quantias altas por vaga; e mecanismos de lavagem do dinheiro obtido com as fraudes.

A investigação também revelou novas frentes e nomes relacionados ao esquema, como Thyago José de Andrade, conhecido como “Negrão”, e resultou na ampliação dos inquéritos (novos IPJs) para apurar desdobramentos.

Medidas adotadas pela Polícia Federal incluíram buscas e apreensões, decretos de prisão preventiva para os líderes e apreensão de aparelhos eletrônicos — celulares e computadores — para análise pericial.

Entre os alvos das diligências estão Aially Xavier, esposa do delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, que figura nas investigações como possível beneficiária do esquema; a residência do casal, em Maceió, foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira (2). Também é investigada Mariana Abreu Andrade Cirilo, suspeita de realizar provas em certames da Polícia Científica de Alagoas e da Polícia Civil de Pernambuco em nome de terceiros.

*Com informações do G1