Municípios

Coordenado pelo instituto Mandaver, Banco Social do Vergel já tem moeda própria

Por Redação com Assessoria 15/02/2021 11h11
Coordenado pelo instituto Mandaver, Banco Social do Vergel já tem moeda própria
Sururote, moeda social

Aos poucos, o Banco Social das Lagoas do Vergel, articulado pelo Instituto Mandaver, vai saindo do papel e se tornando uma realidade que pode transformar a população do bairro maceioense. Após viabilidade atestada, a partir de uma pesquisa de mercado contratada pelo Sebrae Alagoas, através da Agência Mescla, o banco está prestes a funcionar, já cadastra clientes e já conta com uma moeda social impressa: a Sururote. A ideia já inspira outras iniciativas no estado.

Em reunião realizada pelo Sebrae Alagoas e parceiros como a Secretaria Municipal de Assistência Social de Maceió (Semas), Caixa Econômica Federal e o Instituto Mandaver foi discutida a implantação do inédito Banco da Mulher Empreendedora, um projeto que irá ofertar linha de crédito para gerar mais emprego e renda para mulheres já a partir de março.

Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Carlos Jorge, a proposta desse banco comunitário é liberar o microcrédito, mas que nesse processo elas passem por curso de capacitação e desenvolva habilidades sobre educação financeira, capital econômico, linhas de crédito e saber como elaborar um pró-labore e um plano de negócios.

Ele também enfatiza a importância da implantação de bancos sociais e comunitários em Maceió. “A ideia de um banco comunitário é descentralizar a riqueza já canalizada em um território e distribuí-la para territórios mais vulneráveis. A transferência de renda através do microcrédito potencializa a economia local e a economia produtiva. Esse trabalho é importante por oferecer o microcrédito para quem mais precisa e tem uma espontaneidade de fazer acontecer, mas não tem a oportunidade de estruturar isso”, pontua.

Sobre o banco do Vergel, a analista da Unidade de Soluções e Inovações do Sebrae Alagoas, Ana Madalena Sandes, destaca como o banco social pode ajudar a impulsionar, gerar novos negócios e, consequentemente, contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população do bairro. “Existem muitas pessoas sem um banco no bairro do Vergel e a intenção é que elas possam acessar o banco e possam consumir dentro do próprio bairro, estimulando o empreendedorismo e o desenvolvimento local”, afirma.

Resultados do estudo

A pesquisa da Mescla, aplicada através de 400 questionários com moradores do bairro, levantou dados sobre o perfil da população, percebendo que o bairro tem predominância feminina (57,5%). Sobre o perfil socioeconômico, o estudo revelou que a maior parte dos habitantes do Vergel não possui emprego (53,5%).

Dos que possuem algum tipo de emprego (46,5%), 37,64% são marisqueiros ou sururuzeiros. 5,91% da população é formada por autônomos; outros 3,23% se autocaracterizam como empreendedores, e 2,69% como vendedores. Algumas categorias com percentual de 2,15% se enquadram como caixa de supermercado, comerciante, doméstico, lanchonete ou serviços gerais. O restante da porcentagem se enquadra na categoria ‘outros’.

Outros detalhes importantes da pesquisa são: 64,3% dessa população não está plenamente satisfeita com o trabalho na lagoa e mudaria de emprego; 46,8% dos entrevistados vivem com menos de um salário-mínimo (R$ 1.045,00) por mês; e 13,50% tem como principal fonte de renda um negócio próprio.

Ainda foi possível identificar que 79% da população do Vergel nunca usou algum tipo de empréstimo durante toda a sua vida, enquanto 21% das pessoas já usaram ou usam. O dado foi bastante relevante, visto que um dos objetivos da pesquisa também era identificar a familiaridade do público com empréstimos, já que a ideia inicial do banco é funcionar fornecendo microcrédito para abertura de negócios e, dessa maneira, fomentar e apoiar diretamente o empreendedorismo local.

Outro ponto central foi descobrir o potencial empreendedor da população. 73% das pessoas do Vergel já sonharam ou sonham em abrir um negócio. Sobre a abertura do banco social, o resultado foi positivo. 95% dos respondentes avaliaram a ideia do banco nos graus de bom e muito bom. A principal justificativa vinculada a essa resposta estava relacionada à maior oferta de oportunidades na região. 78,8% dos respondentes usariam o banco social para abrir um negócio.