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Audiência pública reúne demandas de saúde de negros, quilombolas e adeptos de religiões de matriz africana
MPAL, MPF e DPE ouvem comunidades e propõem ações para capacitação de profissionais e inclusão de políticas nos planos de saúde

Representantes de movimentos sociais, associações, grupos e comunidades de Alagoas participaram, nesta quarta-feira (22), de uma audiência pública voltada para a saúde da população negra, quilombola e de religiões de matriz africana.
O encontro foi promovido pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE), no auditório Procurador de Justiça Edgar Valente de Lima Filho, em Maceió.
Entre os presentes estavam os promotores de Justiça Alexandra Beurlen, Micheline Tenório, Jheise Gama e Rogério Paranhos (MPAL); o procurador Bruno Lamenha (MPF); e o defensor público Isaac Souto (DPE), além de representantes de secretarias estaduais e municipais e universidades.
O procurador da República Bruno Lamenha destacou que, apesar de existir uma política nacional de saúde integral para a população negra, ela ainda tem pouca repercussão. “Estamos aqui para ouvir diretamente vocês, que são os beneficiários dessas políticas e representam muitos outros usuários desses serviços”, afirmou.
A advogada Maiara Cavalcanti, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/AL, denunciou preconceito, atendimento de má qualidade e indiferença no sistema de saúde, além de burocracia para consultas e exames. Ela também chamou atenção para o racismo religioso, especialmente contra pessoas negras que usam turbante, e propôs capacitação de profissionais e desburocratização dos serviços.
Salete Bernardes, da Uncisal e presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial, enfatizou que discutir saúde da população negra e dos povos originários é ainda mais difícil fora da capital. Já Cristiane Monteiro da Cruz, professora de Medicina da Unima, ressaltou a necessidade de colocar em prática a política de saúde existente, sugerindo mapeamento da saúde da população negra, capacitação de profissionais em comunidades quilombolas e valorização do conhecimento popular sobre plantas medicinais.
Outros participantes destacaram a persistência do racismo institucional, a violação de direitos humanos e a desnecessidade de transformar quilombos em áreas urbanas ou distritos, medida que enfraquece suas histórias.
Segundo as promotoras Alexandra Beurlen, Micheline Tenório e Jheise Gama, os próximos passos incluem a expedição de recomendações para inclusão da política de saúde da população negra nos planos municipais, proposição de ações específicas às secretarias de saúde e acompanhamento das capacitações de profissionais para garantir compreensão das especificidades da população atendida.
*Com informações da MP/AL
