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Prática da leitura depende do acesso da população a uma variedade de livros disponíveis
Idealizadora do hub Nossa Biblioteca destaca que garantir acesso a livros e oferecer curadoria adequada ao público são passos essenciais para despertar o interesse pela leitura

O hub de projetos socioculturais Nossa Biblioteca possui iniciativas prontas para serem implementadas através de leis de incentivo ou de investimento social privado. A prática da leitura pode transformar de forma significativa uma comunidade, pois fortalece o pensamento crítico, promove a inclusão social ao combater o analfabetismo funcional, democratiza o acesso à informação e proporciona oportunidades educacionais que ajudam a romper ciclos de pobreza e exclusão social.
Além disso, comunidades com acesso à educação tendem a apresentar menor índice de criminalidade, por oferecerem caminhos alternativos à marginalização.
Para despertar o interesse na leitura, segundo Adriane Laste, idealizadora do hub de projetos Nossa Biblioteca — que já distribuiu mais de 115 mil livros para 590 bibliotecas em todas as regiões do Brasil, com foco no apoio a instituições públicas — é necessário garantir o acesso ao livro, aliado a uma curadoria especializada, elaborada com base nas características do público que irá recebê-lo.
De acordo com dados do Censo Escolar, divulgados pelo Ministério da Educação em abril de 2025, não há bibliotecas em 114,4 mil escolas brasileiras — o equivalente a 63% do total de 179,3 mil escolas. Em Alagoas, 46,7% das escolas possuem biblioteca ou sala de leitura, conforme o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2025.
Adriane reforça que mesmo tendo acesso ao livro, muitos não leem porque não encontram o título certo, que seja da sua área de interesse, ou devido à forma como ele é apresentado. “A diversidade de gêneros literários é fundamental, e hoje existem títulos dos mais variados. Há exemplares destinados à Educação de Jovens e Adultos (EJA), obras em braille para garantir acessibilidade e até clássicos apresentados no formato de mangá, com linguagem simplificada e letras maiores”, explica.
Segundo a Pesquisa Retratos da Leitura 2024, nos últimos quatro anos houve uma queda de 6,7 milhões de leitores. Pela primeira vez, o estudo aponta que a proporção de não leitores é maior do que a de leitores na população brasileira: 53% das pessoas não leram nem parte de um livro — impresso ou digital — nos três meses anteriores à pesquisa.
O hub de projetos Nossa Biblioteca, criado pela CLIC — empresa de projetos socioculturais que atua na mitigação de problemas sociais relacionados à educação, geração de renda e sustentabilidade, em parceria com empresas públicas e privadas —, promove a entrega de acervos com curadoria especializada prontos para serem apoiados.
“Qualquer organização tem a oportunidade de remanejar verbas de impostos para investir em educação e cultura por meio da Lei Rouanet ou, ainda, apoiar via investimento social privado”, destaca Adriane.
Empresas como Banco DLL, Be8, Unifertil, Gerdau, Instituto BRF, Vipal Borrachas, Calçados Beira Rio S.A., Doctor Clin, Docol, TK Elevator Brasil, Poliedro Educação, Atacadão, Alliance One Brasil e Enercan já participaram de ações que promovem a leitura em seus territórios de atuação, por meio do conjunto de projetos do hub.
O Nossa Biblioteca já entregou acervos em estados como Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Até o final de 2025, a meta é alcançar 175 mil livros entregues em todas as regiões do Brasil.
Entre os projetos estão: Nossa Biblioteca III, Pró-Biblioteca III, EcoLer, EcoLer II e Bibliotecas RS.
