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Estudo diz que pais brasileiros estão mais participativos; saiba mais

"Retrato da Paternidade no Brasil" afirma que os papais estão mais dispostos a serem cada vez mais afetuosos, comunicativos e participativos na criação e na rotina dos filhos

Por Redação* 14/08/2022 11h11
Estudo diz que pais brasileiros estão mais participativos; saiba mais
Célio Junior e filho. - Foto: Cedido

De acordo com a pesquisa, realizada com mil homens de classes A, B e C com filhos de 5 a 15 anos, de todas as regiões do país, analisou o impacto da figura paterna na educação das crianças e como o papel do pai tem mudado nos últimos anos.

Ainda conforme os dados, 62% dos entrevistados afirmaram que, sempre que possível, têm o hábito de beijar, abraçar e fazer carinho nos filhos. O afeto e a conexão também aparecem nas palavras: 57% dizem frases amorosas e encorajadoras para as crianças com frequência.

“Nada mais encorajador do que saber que não está só”

Ao Cada Minuto, a psicóloga Maria Eduarda Ferro, afirma que a função paterna, no início da vida da criança, é de amparar a mãe no período pós parto, o puerpério. “Assegurando que ela tenha condições físicas, psíquicas e emocionais de fornecer os cuidados principais e se conectar com seu bebê”.

Ela destaca que ser pai, assim como ser mãe, é uma função, possuindo diversas formas de ser executada na prática. ”Dando banho, alimentando, estando próximo nos momentos de amamentação, brincando. Tudo isso gerará conexão, amparo e um ambiente satisfatório para essa criança se desenvolver e se sentir segura para vivenciar novas experiências”.

Maria Eduarda Ferro. Foto: CedidoQuestionada sobre as consequências do abandono parental, Eduarda enfatiza que qualquer situação passível de comprometer a continuidade da vida, a previsibilidade e a segurança são fatores de risco para o desenvolvimento da criança.

“Crianças são seres que necessitam de uma referência que guiará e fornecerá recursos necessários para o desenvolvimento. Nós, enquanto adultos, temos essa função na vida infantil. A função paterna poderá ser exercida por outras pessoas, mas quando tratamos de abandono, sempre falaremos de desamparo, o que é uma marca muito considerável no psiquismo infantil”, destaca a psicóloga.

Para Ferro, a principal forma dos pais contribuírem com o desenvolvimento da criança é através da presença. “Sei que nem todos os pais possuem tempo disponível para estarem presentes, contudo, esse tempo de qualidade é primordial. É quando a criança começará a entender o ambiente em que vive como algo seguro, que fornecerá amparo”.

“É a segurança da presença de um pai, de uma referência, que auxiliará a criança a se desenvolver forte, segura e amparada. Nada mais encorajador do que saber que não está só e ter um retorno. Ter alguém que não deixará tudo permitido, mas que orienta, estabelece limites e consolida todos os desejos infantis e confusão que a criança não sabe muito bem nomear”, ressalta.

A psicóloga reforça que as atividades diárias e de rotina não podem ser subestimadas, pois contribuem para um fortalecimento de vínculo, uma relação de qualidade e duradoura.

“É através das brincadeiras e das participações, mesmo que corriqueiras (dar um banho, fazer a tarefa juntos, levar na escola, participar das atividades da criança, brincar), que esse vínculo será fortalecido. E nada mais forte e importante do que uma presença sensível com afeto na vida de uma criança”, comenta.

“É importante também sabermos que educar uma criança pode ser com amor, que limites não significa autoritarismo ou negligência e nem afeto significa permissividade, tudo poderá ser feito com equilibrío”, finaliza a profissional.

“Prazeroso e gratificante”

O repórter fotográfico Célio Júnior, é pai de um menino de dois anos e 11 meses, e conta a importância de ser participativo na criação do filho.

“Estar perto, ser presente e participativo na criação fortalece o vínculo e gera mais confiança pra ele saber que eu estarei sempre ali”, diz o fotógrafo.

De acordo com Célio, o acompanhamento no desenvolvimento da criança é realizado através do contato diário e execução de atividades em conjunto.

“Faço as tarefas de casa da escolinha junto com ele, acompanho o desenvolvimento motor e cognitivo e observo quando ele está fazendo algo que não conseguia fazer antes. Percebemos uma esperteza maior a cada dia que passa. Tudo isso é muito prazeroso e gratificante”, comemora.

O fotógrafo conta que o isolamento social, devido à pandemia da Covid-19, foi uma oportunidade de acompanhar ainda mais de perto o cotidiano da criança. “Vivenciei ainda mais cada detalhe no desenvolvimento do meu filho. Meu vínculo com ele só fortaleceu!”, diz Célio Júnior.

“Cuidar, proteger e amar”

Enquanto o advogado Frederico Félix, pai de um menino de 3 anos, acredita que para estimular o desenvolvimento da criança é necessário ler e pesquisar a melhor forma de cuidar. “Como também ir regularmente na escola, conversar com as professoras, tirar dúvidas com pediatra e estudar sobre desenvolvimento infantil”.

Frederico Félix e filho. Foto: Cedido“Hoje em dia, diferentemente da época dos nossos pais, tem muito material, com comprovação científica, de quais os melhores caminhos pra gente contribuir pro melhor desenvolvimento da criança”, afirma.

Questionado sobre a importância da participação do pai na criação dos filhos, o advogado diz que além do vínculo de amor e respeito criado e da proximidade afetiva, o desenvolvimento neurológico da criança é afetado pela presença paterna nas necessidades diárias do filho.

“Saber que a gente está aqui para cuidar, proteger e amar, desde novinhos, tendo essa referência de porto seguro, vai fazer uma diferença muito grande lá na frente, para se tornar uma pessoa mais segura, com menos traumas”, comenta.

Com relação ao isolamento social devido à Covid-19, Frederico diz que o momento impôs ainda mais esse vínculo. “Pelo menos aqui em casa, a gente ficou grudado 24 horas por semana. Foi um período difícil, até porque parte do desenvolvimento infantil é o convívio com outras crianças, mas do ponto de vista da proximidade entre nós, acabou por potencializar muito”, finalizou.a

Amor de pai e filhos


Já para o Vigilante de Segurança Pessoal Privada (VSPP), Sérgio Leandro, a realidade durante a pandemia foi diferente e complicada. Ele é pai de três crianças e conta que passou um ano sem ver o filho mais velho.

Sérgio Leandro e filhos. Foto: Cedido“Não moro com meus dois filhos, então foi uma situação muito delicada porque no trabalho tenho contatos com outras pessoas, e ficava com medo da transmissão do vírus. Foi um período muito doloroso para mim e meus filhos, embora o amor de pai e filhos sempre prevaleceu deixando cada vez mais forte”, relata.

O vigilante afirma que acompanha o desenvolvimento dos filhos através de brincadeiras, estímulos e conversas. “Usamos jogos educativos, pergunto o que eles estão aprendendo nas escolas, estimulando ambos a fazer coisas diferentes”, conta.

Para Sérgio, é de extrema importância ser um pai participativo e referência para os filhos. ”Estou vendo meus filhos crescerem, analisando e verificando suas necessidades de um modo geral, ajudando eles na segurança, sua autoestima, promovendo sua independência e o mais importante, sendo o pai serve como referência para o filho”, conclui.

Sérgio Leandro e filho. Foto: Cedido

Maria Luiza Lúcio* e Rebecca Moura*/Cada Minuto.