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Cantor alagoano lança videoclipe inspirado em memória afetiva
Em novo trabalho, Mago Véio homenageia Charmoso, cavalo de estimação da infância

No disco "Poetas que Cantaram o Mar, mas Nunca o Avistaram", o artista alagoano Mago Véio (pseudônimo de Ruan Soares de Melo) transforma memória e sonho em música-poema. Um dos destaques do álbum é a canção “Toada a Galope”, composta em parceria com Luiz Homero e Douglas Brito, em que o artista homenageia Charmoso, cavalo de estimação da infância, perdido em um sonho e eternizado em uma toada marcada pela força simbólica da saudade e da paisagem nordestina.
O trabalho foi publicado no YouTube no dia 23 de julho, e foi gravado com recursos da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura de Alagoas e do Ministério de Cultura, o videoclipe da faixa tem direção de Tarcísio Ferreira e é uma produção conjunta das realizadoras 7 Colinas Audiovisual e Tortuga Filmes, com coprodução da NAVI Arapiraca e Curtindo Um Barato Juntos.
Com roteiro assinado por Caio Praças, Tarcísio Ferreira e Izabella Vitório — que também assina direção de arte e figurino —, o clipe carrega a densidade visual da perda e da memória afetiva, emoldurada pelas paisagens do agreste.
Na letra, Mago Véio narra a fuga de Charmoso e sua busca frustrada: “Hoje ele chegou no sonho / E nele fiz caminhada… / Partiu para sua morada / O mato do abandono / Vi que ele não tem dono / E chorei por não fazer, para ele, uma toada.”
A ausência do cavalo ganha contornos existenciais, enquanto o mundo à sua volta muda: “Hoje só obra da mineração / O vale da sombra da ilusão / Perpetuando seu descaminho.”
Com sonoridade que se recusa a seguir fórmulas do mercado — “não tem forró, nem zabumba, nem o triângulo faz som” —, Mago Véio propõe uma escuta atenta, livre, que parte da tradição mas caminha em direção ao desconhecido. Assim como os poetas populares que deram nome ao disco, que “cantaram o mar, mas nunca o avistaram”, o artista provoca reflexões sobre o que é visto e o que é sentido, o que se perdeu e o que ainda pulsa nas margens da cultura.
Poética da resistência
O disco Poetas que Cantaram o Mar, mas Nunca o Avistaram nasceu durante a pandemia, período de isolamento que inspirou o artista a mergulhar em lembranças, sonhos e versos compartilhados com parceiros. É uma ode à oralidade e à poesia popular do Nordeste, aos mestres da palavra que criaram imagens de mundos que nunca viram com os próprios olhos, mas sentiram profundamente.
Mais que uma obra musical, o álbum é um manifesto artístico. Em tempos em que a indústria fonográfica dita ritmos e fórmulas de sucesso, Mago Véio propõe o caminho inverso: compor a partir da verdade, da memória, da vivência, da dor e da beleza bruta do sertão. “Toada a Galope” resume essa proposta — um cavalo que corre para além da infância, da vida e da morte, numa toada que galopeia dentro da alma.
“Toada a Galope” é um dos destaques do segundo álbum solo de Mago Véio, uma obra que celebra a força da poesia nordestina e presta homenagem a poetas populares que, mesmo sem nunca terem visto o mar, souberam cantá-lo com beleza e profundidade.
O disco nasceu durante a pandemia, período que impulsionou o artista a refletir sobre pertencimento, ancestralidade e resistência cultural.
Ficha técnica da obra “Toada a Galope”
• Intérprete: Mago Véio
• Compositores: Mago Véio, Luiz Homero e Douglas Brito
• Direção: Tarcísio Ferreira
• Direção de Fotografia: Isaias Maximiano
• Roteiro: Caio Praças, Tarcísio Ferreira e Izabella Vitório
• Produção: 7 Colinas Audiovisual e Tortuga Filmes
• Coprodução: NAVI Arapiraca, Curtindo Um Barato Juntos
• Figurino: Johnson Alves e Izabella Vitório
• Patrocínio: Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas, Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura
Confira abaixo o clipe:
