Economia
Reunião irregular põe investimentos do Maceió Previdência sob suspeita
Fundo pode perder R$ 97 milhões após liquidação do banco pelo BC
As atas do Instituto de Previdência de Maceió revelam que a política de investimentos que abriu caminho para aportes no Banco Master foi aprovada em uma reunião sem quórum mínimo, realizada em 27 de dezembro de 2023, período entre Natal e Ano Novo.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (1º) pelo jornal Estadão.
De acordo com a publicação, dois aportes que somam R$ 97 milhões foram direcionados a aplicações do Master sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O risco de perda é elevado, já que o banco foi liquidado pelo Banco Central em 19 de novembro e é alvo de investigação da Polícia Federal.
Em nota, o Maceió Previdência afirmou que o Conselho de Administração não avalia investimentos específicos e que as políticas anuais passaram a ser estruturadas para melhorar a gestão do fundo.
A autarquia também destacou que, à época dos aportes, o Banco Master estava devidamente habilitado pelo Banco Central.
A legislação municipal exige a presença de sete conselheiros para que reuniões sejam instaladas. No entanto, apenas seis participaram do encontro de dezembro. A ata registra aprovação unânime, mas o documento contém apenas quatro assinaturas. O fundo não esclareceu essa discrepância.
O Maceió Previdência integra a lista de fundos municipais com recursos retidos no Master.
Nas últimas semanas, levantamentos apontaram que instituições previdenciárias de municípios brasileiros aplicaram cerca de R$ 2 bilhões em papéis ligados ao banco.
A reunião foi conduzida por Renan Calamia, representante da consultoria Crédito e Mercado, contratada para fornecer análises técnicas sobre investimentos do fundo. A empresa afirmou que não recomenda aplicações, mas apenas elabora pareceres baseados em risco, retorno, liquidez e conformidade normativa.
Registros internos mostram que Calamia apresentou princípios gerais da gestão previdenciária aos conselheiros e, posteriormente, em encontros do Comitê de Investimentos, sugeriu aportes relacionados ao Master, que depois foram aprovados pelo Conselho. A consultoria reforçou que seus pareceres não constituem recomendações formais, apenas subsídios para decisões dos gestores públicos.

