Economia
Alagoas tem 3° etanol mais caro do País, mesmo sendo grande produtor
Para vigorar a partir de 1º de dezembro, o PMPF do etanol hidratado em Alagoas foi fixado em R$ 5,2725
O novo PMPF (Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final) divulgado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), por meio do Ato Cotepe nº 27/2025, reforça uma contradição histórica no mercado de combustíveis de Alagoas: mesmo sendo um dos maiores produtores de etanol do Nordeste, o estado aparece entre os maiores valores de referência do País.
Para vigorar a partir de 1º de dezembro, o PMPF do etanol hidratado em Alagoas foi fixado em R$ 5,2725. É sobre esse valor que a Secretaria da Fazenda vai calulcar o ICMS paga pelo consumidor.
O número supera valores adotados em estados de estados com grandes extensões territoriais, maior custo logístico e até em regiões que não produzem etanol. Só dois estados terão valor de referência acima de Alagoas a partir do próximo mês: Amazonas (R$ 5,44) e Amapá (R$ 5,41).
O valor dereferência, baseado no que é efetivamente pelo consumidor nas bombas, também está acima de estados com forte presença industrial, como Minas Gerais (R$ 4,3190) e Paraná (R$ 4,3006), além de regiões tradicionalmente produtoras ou próximas de polos sucroenergéticos, como Bahia (R$ 4,59) e Pernambuco (R$ 4,92).
Hoje o valor efetivamente pago pelo consumidor de etanol de Alagoas é um dos maiores do Brasil, mesmo com a queda preços do produto para os produtores.
O dado é ainda mais relevante ao se considerar que Alagoas produz mais de 400 milhões de litros de etanol por safra. Em condições normais de mercado, esse volume deveria resultar em preços mais competitivos ao consumidor, o que não ocorre. Pelo contrário: o PMPF elevado indica que os valores praticados nas bombas continuam entre os mais altos do País.
PMPF do etanol – Comparativo nacional (seleção de estados)
PMPF do etanol – Comparativo nacional (seleção de estados)
| Estado | PMPF (R$/l) – dez/2025 |
| ------------------- | ---------------------- |
| São Paulo | 4,10 |
| Minas Gerais | 4,3190 |
| Paraná | 4,3006 |
| Bahia | 4,5900 |
| Paraíba | 4,2923 |
| Sergipe | 4,8350 |
| Ceará | 5,1091 |
| Alagoas | 5,2725 |
| Rio Grande do Norte | 5,2000 |
| Amapá | 5,4100 |
| Amazonas | 5,4411 |
*Fonte: Ato Cotepe/PMPF nº 27/2025 – Confaz*
Por que o PMPF é tão alto em Alagoas?
O PMPF não é um valor arbitrário: ele reflete o preço médio real praticado pelos postos, coletado semanalmente e informado pelos estados ao Confaz. Isso significa que o preço de referência usado para cálculo do ICMS — que em Alagoas é de 19%, somando 17% de alíquota interna e 2% do Fecoep — está alto porque os postos praticam preços elevados, mesmo com queda expressiva nos custos do setor produtivo.
Enquanto o Cepea/Esalq mostra que o litro do etanol nas usinas caiu de R$ 3,06 em fevereiro para R$ 2,56 em outubro, o levantamento da ANP revela que o preço ao consumidor subiu de R$ 4,95 para cerca de R$ 5,03 no mesmo período. A diferença entre o preço de origem e o valor final se ampliou, indicando margens maiores para distribuidores e revendedores, justamente o fator que alimenta o PMPF elevado.
Um estado produtor pagando mais caro
O cenário repete o que já ocorre com a gasolina: mesmo recebendo o combustível no Porto de Maceió e sediando um dos principais polos sucroenergéticos do País, Alagoas tem referência fiscal e preço final acima de estados não produtores, o que reforça a percepção de que o mercado local opera com margens acima do razoável.
A manutenção de preços elevados — apesar da queda nas usinas e da crise no setor sucroalcooleiro — afeta não apenas o consumidor, mas também a competitividade do etanol em relação à gasolina. Em um momento em que a produção luta para manter rentabilidade e preservar empregos, a falta de repasse reduz ainda mais a atratividade do combustível renovável.


