Economia

Laranja e café estão entre os produtos mais afetados pelas tarifas de Trump; confira

Produtores esperam "bom senso" e aguardam lista de exceções isentas de tarifas

Por InfoMoney 10/07/2025 10h10 - Atualizado em 10/07/2025 11h11
Laranja e café estão entre os produtos mais afetados pelas tarifas de Trump; confira
Laranja e café estão entre os produtos mais afetados pelas tarifas de Trump - Foto: Reprodução

O Brasil figura, em peso, no café da manhã e no cotidiano dos Estados Unidos, em produtos como café, laranja e calçados. Associações de exportadores dos itens se mostraram surpresas com a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump a artigos brasileiros e avaliam o impacto como muito negativo para negócios.

A tarifa para produtos importados do Brasil é péssima para o setor exportador de suco de laranja, disse nesta quarta-feira o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto. Segundo ele, o segmento foi pego de surpresa e vai analisar os impactos da medida.

“Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, disse. O Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo.

Café

O consumidor de café dos EUA será onerado com a tarifa de 50%, que é o principal fornecedor do grão ao país, disse nesta quarta-feira o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos.

Matos afirmou que a entidade acompanha com muita atenção a discussão sobre tarifas dos EUA, já que o país é o maior consumidor mundial de café, enquanto o Brasil é o principal produtor e exportador.

Ele afirmou ainda que os exportadores de café têm esperança de que “bom senso e a previsibilidade de mercado” prevaleçam, já que estão trabalhando em “agenda positiva” junto a parceiros nos EUA.

O setor tem defendido que o café seja incluído em uma lista de exceções isenta de tarifas nos EUA, que já haviam taxado anteriormente os produtos do Brasil com uma tarifa básica de 10%.

Calçados


Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse receber com “surpresa e preocupação” a taxação de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. O presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, classificou a medida como “um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro”.

A associação lembra que, em junho de 2025, o segmento registrou alta de 24,5% nas exportações ante igual mês do ano passado. O resultado foi impulsionado pelos Estados Unidos, principal destino das exportações brasileiras do setor, com crescimento de quase 40% no mesmo comparativo.

“No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades”, afirma Ferreira.

Os Estados Unidos receberam, em junho, 1 milhão de pares brasileiros, pelos quais foram pagos US$ 20,76 milhões. Isso representa um crescimentos tanto em volume (+39,4%) quanto em receita (+25,4%) em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados da Abicalçados.

No acumulado do semestre, as exportações para o país norte-americano somaram 5,8 milhões de pares e US$ 111,8 milhões, incrementos de 13,5% e de 7,2%, respectivamente, ante o igual período de 2024.

Carnes

Qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros deve impactar negativamente o setor produtivo da carne bovina e representar um entrave ao comércio internacional, avaliou nesta quarta-feira a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), ao comentar sobre a tarifa anunciada por Trump.

A associação, que tem JBS, Marfrig e Minerva entre seus associados, disse em nota que segue atenta e à disposição para contribuir com o diálogo, “de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos”.