Economia

Economista diz que quantidade de feriados em 2021 não afeta o comércio

Pausas são positivas para movimentação da economia e trazem benefícios para empresas

Por Redação com Cada Minuto 03/01/2021 09h09
Economista diz que quantidade de feriados em 2021 não afeta o comércio
Rua do Comércio, Centro de Maceió. Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

“Grande parte da economia funciona independente do feriado”. Assim o economista Cícero Péricles garantiu que a quantidade de feriados e feriadões não gera grande impacto na economia de Alagoas. 

Com chegada de 2021, o calendário também se atualizou já com a expectativa dos próximos “dias de folga”. Somente este ano, Alagoas terá 14 feriados e Maceió terá 17. Em entrevista ao CadaMinuto, o economista afirma que os essas pausas são positivas para movimentação da economia e trazem benefícios para os trabalhadores e empresas. 

Em 2021 Alagoas terá 14 feriados, do ponto de vista econômico esses feriados são positivos?

Para a economia e para a sociedade os feriados são sempre positivos. Eles funcionam como pausas nos dias sequenciados de trabalho e trazem vários benefícios para trabalhadores e empresas. Primeiro porque, comprovadamente, os funcionários, os empregados, rendem mais depois dos dias de descanso; segundo porque a produção da empresa cresce quando seus trabalhadores se encontram mais descansados em função dos feriados. Por outro lado, o consumo social não sofre retração, na medida em que ele se realiza nos dias anteriores aos feriados ou depois deles.

 Os feriados em dia de semana geram queda na produtividade?

Pelo contrário, os feriados aumentam a produtividade do trabalho e o rendimento individual dos funcionários, dos empregados assalariados. O ideal para trabalhadores, empresas e consumidores é que, preferencialmente, os feriados aconteçam juntos com os dias de fim de semana, com os sábados e domingos. Com o feriado ampliado ou com o fim de semana prolongado, transformados em “feriadões”, as famílias, os amigos, a sociedade como um todo, aproveitam de maneira mais tranquila esses dias de descanso e passam a ter mais convívio, mais tempo de ócio e lazer, que é um elemento de saúde social, muito recomendado pela medicina do trabalho. Para as empresas é uma vantagem a mais, na medida em que feriados prolongados movimentam outros setores da economia e facilitam o seu planejamento.

Podemos dizer que existe uma tendência para diminuição da jornada de trabalho?

Há uma tendência mundial – e nacional – na redução da jornada de trabalho. Vários fatores contribuem para isso. A ampliação da rede comercial e de serviços, que chega cada vez mais próximo do consumidor, a elevação do nível educacional dos trabalhadores, e a racionalização do tempo com a entrada das máquinas e dos computadores, com seus programas facilitadores do trabalho, permitem um maior aproveitamento dos dias de atividades e reduzem a necessidade de jornadas extensas. As empresas que necessitam de mais tempo em funcionamento, principalmente na área de serviços, como hospitais, restaurantes, etc ampliam suas contratações e respondem bem a essa questão sem necessidade de jornadas extenuantes. Os feriados fazem parte dessa lógica e a economia convive bem com essas pausas.

Qual o fator determinante para que o comércio não sinta  as consequências dos “feriadões”?

O comércio, nos seus canais de vendas – lojas, mercados, shoppings, etc e a rede prestadora de serviços – bares, restaurantes, clínicas, bancos, cabelereiros, etc. têm como determinante no seu desempenho a renda disponível na sociedade para realizar as suas compras. Quanto mais renda, maiores as vendas. Por outro lado, deve existir a oferta plena de mercadorias na rede de abastecimento, nos canais de comercialização, e disponibilidade nas empresas prestadoras de serviços, com oferta competitiva no preço e na qualidade das mercadorias e dos serviços. Esse é o segredo das vendas bem sucedidas, não é o número de horas que o estabelecimento passa aberto. Uma empresa pode ficar funcionando os sete dias da semana, mas se seus potencias clientes e compradores, os seus consumidores, não tiverem a renda necessária às vendas não acontecerão. Temos um bom exemplo recente neste período de pandemia: mesmo com todas as limitações para o funcionamento, decorrentes do “isolamento social”, o comércio e a rede serviços dos bairros populares e das cidades do interior venderam bem mais nestes últimos meses, graças à renda do Auxílio Emergencial. A renda foi mais importante que o horário de funcionamento e as proibições das medidas governamentais. 

Quais os impactos na economia do estado por estes feriados. Serão 14 deles em 2021. 

Quase nenhum. Grande parte da economia funciona independente do feriado. A agricultura é um caso, pela sua forma peculiar de produzir. O comércio e serviços mantém a maior parte de suas atividades, dos seus negócios, quando parte dos consumidores têm até mais tempo para frequentá-los. A indústria sofre mais pela interrupção de seu processo produtivo, mas, como a indústria tem pouco peso na economia estadual, 12% apenas do Produto Interno, os feriados são compensados nos dias posteriores.