Uma pesquisa do Eurobarómetro, série de inquéritos de opinião pública realizada em toda a União Europeia, revelou que os europeus reconhecem amplamente o valor da economia social e demonstram forte apoio às políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do setor.

O estudo, intitulado “A economia social na vida dos europeus”, analisou o nível de conhecimento, o envolvimento pessoal e as percepções da população sobre a economia social, que atualmente engloba pelo menos 4,3 milhões de entidades e emprega mais de 11,5 milhões de pessoas em diversos setores econômicos na Europa.

Entre os principais impulsionadores da economia social está o modelo cooperativo, que se destaca como referência no setor socioeconômico europeu. Para o ex-diretor-geral da Aliança Cooperativa Internacional, Bruno Roelants, as cooperativas exercem um papel singular no cenário global. Em artigo publicado no Social Economy News, ele afirmou que essas organizações têm uma “responsabilidade especial” devido à sua escala, impacto no emprego, diversidade setorial e ao papel de referência sustentado pelos padrões internacionais da Declaração sobre a Identidade Cooperativa.

Os dados do Eurobarómetro mostram que 93% dos europeus acreditam que as empresas devem ser orientadas por valores da economia social, como a priorização de objetivos sociais e ambientais, a redistribuição de lucros e a adoção de estruturas de governança democráticas.

Além disso, 61% dos cidadãos da UE afirmam que a economia social impacta positivamente seu bem-estar pessoal, enquanto 75% acreditam que ela contribui para o bem-estar da sociedade. Ainda assim, apenas cerca de um terço dos entrevistados declarou já ter recebido apoio direto de organizações da economia social.

No que diz respeito ao impacto social, a maioria dos participantes apontou os setores de saúde e assistência social como aqueles em que as organizações da economia social fazem maior diferença, seguidos por educação e formação.

Apesar do apoio majoritário, o relatório alerta que quase um em cada seis cidadãos ainda não percebe avanços claros da economia social. Por isso, o documento recomenda maior apoio político, comunicação mais eficaz e aumento da visibilidade do setor, a fim de fortalecer a confiança pública em seu papel na sociedade.

A pesquisa também revelou que fatores sociais e éticos influenciam fortemente as decisões de consumo. Mais de três quartos dos consumidores da UE consideram importantes aspectos como produção local, padrões sociais e ambientais, sendo que 81% valorizam especialmente os padrões sociais.

A conclusão do estudo é clara: os resultados demonstram um amplo apoio popular a modelos econômicos inclusivos, sustentáveis e participativos, reforçando a relevância da economia social e das cooperativas para o futuro da Europa.