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Cientistas recebem sinal raro no centro da Via Láctea que pode explicar do que as galáxias são feitas
Descoberta pode significar passo significativo para comprovação da existência de matéria escura
O telescópio Fermi, aparelho que monitora a radiação de alta energia emitida da nossa galáxia, recebeu um sinal que pode indicar um passo importantíssimo para a comprovação da existência de matéria escura. O sinal brilhoso surgiu como uma espécie de “névoa” que contorna a Via Láctea e não se encaixa em nenhuma das fontes de radiação intensa já catalogadas.
De acordo com dados coletados durante os últimos 15 anos, o tipo de radiação registrada é produzido por estrelas muito energéticas, jatos de gás aquecidos ou remanescentes de explosões antigas. Desta vez, porém, nenhuma dessas fontes tradicionais foi registrada como origem da emissão.
A luz apresentou uma energia característica mais alta do que o esperado e apareceu justamente na forma de um halo esférico, o que coincide com a teoria do chamado “halo de matéria escura” da galáxia. A matéria escura da galáxia é uma forma invisível que não emite luz, mas que influencia o movimento das estrelas. Sabemos da sua existência através da gravidade, mas a massa nunca foi detectada por meio de experimento.
A hipótese mais estudada aponta que essa matéria surge a partir de partículas que ocasionalmente se chocam e se destroem, liberando radiação muito energética de brilho difuso, difícil de detectar, porém sendo possível com instrumentos sensíveis. O novo estudo aponta que o brilho encontrado tem energia compatível com esse fenômeno.
O achado, porém, ainda permanece inconclusivo, embora promissor. A confirmação da descoberta depende de análises independentes e teste com outros métodos, mas, sobretudo, da verificação do mesmo padrão luminoso em outros ambientes, como galáxias menores, onde a leitura sofre menos interferência. Se confirmado, será a primeira evidência registrada da existência da massa invisível que forma as galáxias.

