Ciência, tecnologia e inovação

Tratamento utilizado contra Covid-19 mostra resultados promissores para picada de cobra

Tecnologia foi utilizada nas vacinas e aparece como alternativa para proteger músculos de lesões

Por Redação 24/11/2025 18h06 - Atualizado em 24/11/2025 19h07
Tratamento utilizado contra Covid-19 mostra resultados promissores para picada de cobra
Bothrops asper (Jararaca-centro-americana). - Foto: Reprodução/ Ecoregistros

A tecnologia mRNA, utilizada nas vacinas contra covid-19, pode ganhar uma nova função. Um estudo publicado na revista Trends in Biotechnology mostra que o tratamento pode ajudar a prevenir parte dos danos causados pela picada da cobra Bothrops asper (Jararaca-centro-americana), espécie comum nas Américas Central e do Sul cujo veneno pode causar lesões graves e incapacitantes.


A descoberta foi feita por uma equipe de cientistas da Universidade de Reading e da Universidade Técnica da Dinamarca, que testaram uma estratégia envolvendo moléculas de mRNA em pequenas partículas de gordura. Ao serem injetadas no músculo, as partículas estimulam as células a produzirem anticorpos capazes de bloquear as toxicinas do veneno.


“Pela primeira vez, demonstramos que a tecnologia de mRNA pode proteger o tecido muscular dos danos causados ​​pelo veneno de cobra. Isso abre uma nova possibilidade para o tratamento de picadas de cobra, principalmente as lesões locais que os antivenenos atuais têm dificuldade em prevenir”, afirmou o professor Sakthi Vaiyapuri, principal autor do estudo da Universidade de Reading.


Apesar dos resultados promissores, a equipe afirma que ainda há obstáculos para a distribuição do tratamento. O principal deles é o tempo de produção de anticorpos, que leva horas, limitando a possibilidade do uso imediato do antídoto após uma picada. Além disso, o tratamento se mostrou eficaz contra apenas uma toxina, enquanto o veneno é composto por um conjunto dessas substâncias.


“Agora precisamos expandir essa abordagem para atingir múltiplas toxinas do veneno e solucionar os desafios de armazenamento em áreas rurais, além de garantir uma produção mais rápida de anticorpos nos tecidos”, finaliza Vaiyapuri.