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Cura do câncer de próstata pode alcançar 98%, aponta especialista da Sociedade Brasileira de Urologia

Tratamento precoce e diagnóstico no estágio inicial são fundamentais para o sucesso terapêutico, destaca urologista

Por Redação* 27/10/2025 12h12
Cura do câncer de próstata pode alcançar 98%, aponta especialista da Sociedade Brasileira de Urologia
Resultado depende do estágio da doença, do tipo de câncer e do momento em que o paciente foi tratado - Foto: Agência Brasil

A taxa de cura do câncer de próstata pode chegar a até 98%, segundo o supervisor de robótica do Departamento de Terapia Minimamente Invasiva da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Gilberto Laurino Almeida. O especialista explica que o sucesso do tratamento depende do estágio da doença e do momento em que o paciente inicia o tratamento.

“No início da doença, a chance de cura é alta. Se foi tratado com a doença em estágio mais avançado, a chance é menor”, afirmou o médico.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 71.730 novos casos de câncer de próstata em 2025. A doença é o tipo de câncer mais frequente entre os homens, depois dos casos de pele não melanoma. Dados do Ministério da Saúde indicam que 17.093 homens morreram em 2023 em decorrência da doença — uma média de 47 mortes por dia.

Prevenção e diagnóstico precoce

A Campanha Novembro Azul 2025, organizada pela SBU, reforça a importância do autocuidado masculino. “Não é só a próstata. Tem todo um conceito de saúde por trás disso tudo. É a saúde do homem que está em jogo; não só a saúde da próstata. Para viver mais, o homem precisa se cuidar mais”, destacou Almeida.

O especialista alerta que, embora o câncer de próstata seja altamente curável, o diagnóstico tardio ainda é um obstáculo. “A cura, como falei, chega a até 98%, mas, para isso, tem que ser diagnosticado no estágio inicial.”

Para ampliar a conscientização, a SBU promoverá um mutirão de atendimentos em Florianópolis (SC) no dia 12 de novembro, durante o 40º Congresso Brasileiro de Urologia, que ocorrerá de 15 a 18 do mesmo mês. Homens com suspeita da doença serão encaminhados para biópsia e, se confirmado o diagnóstico, direcionados ao tratamento adequado.

Segundo Almeida, 85% a 90% dos casos são esporádicos, sem origem familiar. A principal forma de prevenção é a consulta anual ao urologista. “Ele está fazendo a prevenção de um diagnóstico tardio para obter cura. É uma doença extremamente curável, desde que seja tratada no momento certo, na fase inicial.”

Cirurgia robótica e o SUS

A cirurgia robótica tem se tornado o principal método para a retirada de tumores de próstata. Almeida celebrou a decisão do Ministério da Saúde de incorporar a prostatectomia radical assistida por robô ao Sistema Único de Saúde (SUS), voltada para pacientes com câncer clinicamente avançado.

No entanto, o especialista pondera que a implementação da tecnologia enfrenta desafios. “Embora todos nós tenhamos consciência de que essa tecnologia é excelente e que deva entrar no SUS para acesso dos pacientes e benefício deles, o momento foi um pouco no atropelo para isso acontecer porque não existe robô no SUS para atender esses pacientes. Ou existem poucos.”

Segundo ele, o alto custo e a necessidade de instalar equipamentos e treinar equipes médicas tornam o processo demorado. “Hoje existe esse gap entre o que foi aprovado e o que, realmente, vai acontecer, e que nós, de fato, não sabemos”, observou.

A expectativa é que a implantação leve mais tempo do que o prazo de 180 dias previsto pelo Ministério da Saúde. “Nem todos vão ter acesso”, destacou Almeida.

O médico também citou exemplos de procedimentos que ainda não foram totalmente incorporados ao SUS devido à falta de estrutura e regulamentação, como a ureteroscopia, usada para a retirada de cálculos renais.

Como funciona a cirurgia robótica

A cirurgia de câncer de próstata por robótica é semelhante à laparoscopia. O procedimento utiliza portais inseridos no abdômen, por onde entram pinças acopladas a braços robóticos controlados pelo cirurgião, que opera por meio de um console com visão 3D ampliada.

Outro cirurgião permanece junto ao paciente para auxiliar o procedimento, garantindo segurança e precisão.

Almeida reforça que, quando o tumor é localizado e não apresenta metástase, a taxa de cura pode chegar a 98%, reafirmando o impacto positivo do diagnóstico precoce aliado ao avanço tecnológico.

*Com informações da Agência Brasil