Agro
EQM deve avançar em área ocupada da Laginha e expandir atuação em AL
Em declarações dadas a Gazeta de Alagoas, o empresário deixou claro que pretende fazer a implantação dos canaviais de forma imediata
O Grupo EQM anunciou na última semana o arrendamento de áreas da antiga Usina Laginha, em União dos Palmares. A operação envolve inicialmente 5,2 mil hectares. A ideia, no entanto, é expandir o arrendamento para parte dos 13 mil hectares da Laginha - a maioria deles ocupada atualmente por trabalhadores rurais sem terra.
Em declarações dadas a Gazeta de Alagoas, o empresário deixou claro que pretende fazer a implantação dos canaviais de forma imediata. A operação foi anunciada por Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM, durante visita à área da antiga usina. Segundo ele, as atividades terão início nos próximos dias, com a primeira sementeira em 300 hectares e a geração imediata de cerca de 300 empregos diretos.
O empresário informou ainda que a previsão é gerar cerca de mil novos postos de trabalho na região de União dos Palmares, quando a produção estiver no auge. "Recebi de Guilherme [Lyra] a recomendação de recrutar a mão de obra em União dos Palmares. Eles estão convencidos de que o melhor programa social é gerar emprego e renda na região”, disse à Gazeta de Alagoas.
Inicialmente, a moagem será feita na usina Utinga Leão, que conta com um parque industrial Rio Largo, localizada a 58 km de União dos Palmares, onde está instalada a antiga Laginha. A usina é uma das três unidades do Grupo EQM, que também é proprietário da Usina Cucaú, em Rio Formoso-PE, e, sob contrato de gestão, opera a Usina Estivas, em Arez – RN. O grupo é ainda proprietário do complexo de comunicação Folha de Pernambuco.
EQM é o único empresário do setor sucroenergético a conseguir expandir as atividades em três Estados do Nordeste. Ele assumiu o comando da Cucaú, em Pernambuco, no início dos anos 2000. Em 2009 assumiu em Alagoas o controle da Utinga Leão, que estava à época em dificuldades. Apenas 10 anos depois, ele assumiu a Usinas Estivas, no Rio Grande do Norte. Agora, ao assumir a Laginha, num espaço menor de tempo - seis anos depois – sinaliza que pretende seguir ampliando sua presença em Alagoas e no Nordeste.
Sob a liderança do empresário , o grupo EQM passa a incorporar à sua estratégia uma área que, por anos, esteve associada a dificuldades operacionais, disputas judiciais e abandono produtivo. O arrendamento da Laginha, por 17 anos, pode ser ampliado para outras áreas do grupo João Lyra,
O avanço em áreas de conflito, ocupadas por Sem Terras, já está decidido. Mas será feito com cautela e dentro da legalidade. O presidnete do grupo EQM tem trabalhado com os herdeiros do grupo João Lyra em soluções que promovam a desocupação das áreas de forma pacífica, em alinhamento com autoridades municipais, estaduais e federais.
A entrada na Laginha deve provocar um aumento da área plantada do grupo em Alagoas, reforçando a oferta de matéria-prima para suas unidades industriais em pelo menos 350 mil toneladas. O modelo adotado é o de arrendamento, concentrado inicialmente na produção agrícola, com a cana sendo destinada a unidades já em funcionamento, o que reduz riscos e permite ganhos imediatos de produtividade.
Tem mais?
O movimento em torno da Laginha também reforça a percepção de que os herdeiros de João Lyra não vão parar por aí. No radar do setor está a Usina Guaxuma, em Coruripe. Diferente da Laginha, onde a estrutura industrial foi praticamente inviabilizada ao longo dos anos, a Guaxuma reúne condições técnicas para uma eventual retomada, desde que haja investimentos e definição quanto ao modelo de parceria ou arrendamento.
Localizada em Coruripe, a Guaxuma tem 70% de sua indústria preservada e o investimento maior será na caldeira. A Usina tem extensa área agrícola que está sendo recuperada de invasores, segundo informações dos próprios herdeiros. As condições são consideradas favoráveis para uma eventual reativação. A possibilidade seria colocar a indústria para moer já na safra 26/27, por meio de parceria com um grupo empresarial ou com uma cooperativa.
Os maiores interessados no negócio são usinas que já atuam na região de Coruripe. Apesar disso, o histórico recente do grupo EQM deve ser levado em conta. A empresa já demonstrou capacidade de assumir ativos em situação complexa, reorganizar a produção e integrá-los a uma estratégia regional mais ampla. A ampliação da atuação em Alagoas, portanto, pode não se limitar apenas a Laginha. Mas essa é outra história.


