Agro
Área plantada cai em Alagoas, mas valor de produção bate recorde
As culturas com maior valor de produção foram, nessa ordem, cana-de-açúcar, mandioca, banana, laranja e abacaxi, que juntas representam mais de 80% do total produzido no estado

Mesmo com a diminuição da área cultivada em Alagoas – que caiu de 482 mil hectares em 2023 para 464 mil hectares em 2024 –, o estado alcançou, pelo sexto ano seguido, crescimento no valor da produção agrícola. Pela primeira vez, o total superou a marca de R$ 4 bilhões.
As informações são da Pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM) 2024, divulgada nesta quarta-feira (11) pelo IBGE. No ano passado, o valor da produção atingiu R$ 4,135 bilhões, registrando alta de 5,3% em comparação a 2023, quando havia somado R$ 3,926 bilhões.
As culturas que mais contribuíram para esse resultado foram, em ordem, cana-de-açúcar, mandioca, banana, laranja e abacaxi, responsáveis por mais de 80% do valor total produzido em território alagoano.

Alagoas se consolidou como o maior produtor de cana-de-açúcar do Nordeste em 2024 e o sétimo do Brasil, com uma safra de 18,7 milhões de toneladas. O destaque ficou para Coruripe, que liderou a produção estadual com 3,6 milhões de toneladas e registrou avanço de 31,6% no valor da produção, que subiu de R$ 357,6 milhões em 2023 para R$ 470,6 milhões em 2024.
Já Teotônio Vilela, que no ano anterior ocupava a terceira colocação na produção de mandioca, ultrapassou São Sebastião e Junqueiro, assumindo a liderança estadual em 2024, com 69 mil toneladas colhidas (crescimento de cerca de 80%) e valor de produção de R$ 40 milhões, 52% acima do registrado em 2023.
Apesar da queda de 32,5% na produção de banana, União dos Palmares permaneceu na primeira posição no estado, com quase 16 mil toneladas de cachos e receita de R$ 31,6 milhões. Em Santana do Mundaú, a produção de laranja recuou 5%, passando de 34,6 mil para 32,8 mil toneladas, mas o valor de produção aumentou 11%, saindo de R$ 55,6 milhões para R$ 61,8 milhões.
Já Limoeiro de Anadia manteve a liderança estadual no cultivo de abacaxi, superando 10 mil toneladas colhidas e apresentando alta de 73% no valor gerado, que saltou de R$ 19,5 milhões em 2023 para R$ 33,9 milhões em 2024.
No cenário nacional, o valor da produção agrícola caiu pelo segundo ano consecutivo. Em 2024, o setor somou R$ 783,2 bilhões, queda de 3,9% em relação a 2023, reflexo principalmente da retração de 7,5% na produção de grãos, que atingiu 292,5 milhões de toneladas.
O valor de produção desse grupo recuou 17,9%, ficando em R$ 431,2 bilhões. Soja e milho, que juntos respondem por 88,7% da produção de grãos, foram os mais impactados pelas condições climáticas adversas e pela queda nos preços.
A área cultivada no Brasil, considerando todas as culturas pesquisadas, chegou a 97,3 milhões de hectares em 2024, representando aumento de 1,2% (ou 1,1 milhão de hectares) frente a 2023, mantendo a tendência de crescimento dos últimos anos. A soja foi a principal responsável pela expansão, com acréscimo de 1,8 milhão de hectares, seguida pelo algodão, que ganhou 280,8 mil hectares.
O milho, em contrapartida, registrou redução de 4,9% na área plantada. A área colhida também avançou 0,8%, alcançando 96,5 milhões de hectares.
Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, os impactos do fenômeno El Niño foram decisivos. “O fenômeno El Niño prejudicou as culturas de verão em 2024. Ele causou uma estiagem prolongada severa em regiões como Centro-norte, Sudeste e parte do Paraná. Soja e milho, em particular, sofreram quedas de 5,0% e 12,9% na produção, respectivamente, e a retração de seus preços impactou o valor de produção agrícola”, destacou.
No ranking do valor de produção, os cinco principais produtos permanecem sendo soja, cana-de-açúcar, milho, café e algodão. A cana assumiu a segunda colocação, superando o milho, que caiu para terceiro. Entre 2023 e 2024, as variações foram: soja (-25,4%), cana-de-açúcar (+3,0%), milho (-13,5%), café (+58,1%) e algodão (+4,3%).
Mesmo com forte queda no valor gerado, a soja manteve-se como o principal produto da agricultura brasileira, representando um terço do total nacional e reafirmando o país como maior produtor e exportador mundial da oleaginosa. A alta da cana, por sua vez, foi impulsionada pela valorização do etanol.
Entre os destaques positivos estiveram o café, o arroz e o cacau, beneficiados pela elevação dos preços no mercado. O café apresentou aumento expressivo de 58,1% no valor da produção, alcançando R$ 69,2 bilhões e se tornando o segundo maior gerador de receita agrícola do país em 2024.
O arroz registrou crescimento de 3,8% na produção e de 25,7% no valor, subindo para a sétima posição no ranking nacional. Já o cacau se destacou com uma impressionante alta de 229,4% no valor da produção, impulsionado pela forte valorização internacional da commodity, passando a ocupar a décima posição.
Mais sobre a pesquisa
A PAM mensura as variáveis fundamentais, que caracterizam as informações sobre 64 produtos em todo o país. A pesquisa é uma das principais fontes de estatísticas municipais, levantando informações sobre área plantada, área destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio obtido e valor de produção das culturas temporárias e permanentes investigadas, com informações relevantes para os planejamentos público e privado desse segmento econômico, bem como para a comunidade acadêmica e o público em geral.
Consulte informações completas sobre a PAM na Agência de Notícias do IBGE, aqui.
*Com informações do IBGE
