Agro
Plínio Nastari traça panorama do setor sucroenergético nacional no XL Simpósio da Cana de Açúcar de Alagoas
Durante palestra magna que abriu o evento, o fundador da DATAGRO trouxe dados e expectativas de produção nacional e internacional do setor

Começou nesta terça, 08, a 40ª edição do Simpósio da Cana de Açúcar de Alagoas. O evento, que acontece no Centro de Convenções de Maceió e vai até dia 11, contará com nomes de referência do setor sucroalcooleiro nacional e internacional para compartilhar seus conhecimentos, apresentar pesquisas e soluções que vão beneficiar diretamente às indústrias de Alagoas. Plínio Nastari, fundador da DATAGRO - uma das maiores consultorias de commodities do mundo -, assumiu a incumbência de abrir o evento, traçando um panorama do etanol nacional no exterior a médio e longo prazo.
Durante a palestra, Plínio trouxe dados dos principais produtores de cana do mundo, como China e Índia. Afirmou que a paridade do açúcar chinês e brasileiro é a mesma e que a China sofre com baixos estoques do produto, fenômeno causado principalmente pelas condições climáticas que causaram desafios na colheita. Já no Ocidente, o preço do açúcar em Nova York caiu 25% no último ano, chegando a sair quase a custo de produção (Cerca R$ 1970/80 por tonelada).
Quanto ao etanol, Plínio afirmou que a demanda pelo etanol hidratado permanece relativamente firme, e que o custo FOB (Free On Board, referente ao preço do produto no local do embarque) da região Nordeste é igual ao de Santos. Fatores como a falta de chuva e incêndios nas plantações também foram decisivos para que a moagem da cana-de-açúcar no Centro Sul atrasasse, fazendo com que as usinas decidissem postergar a safra para que a cana do primeiro terço tivesse um melhor desenvolvimento fisiológico.
Outro fator que vai mudar a curva de comercialização, segundo Plínio Nastari, é a ascensão do etanol de milho, principalmente na região Norte-Nordeste, que compete com a cana-de-açúcar. As duas regiões chegaram a 140 Kg de ATR na safra 2024/25, o que compensou as perdas do ano passado.
Plínio detalhou aspectos mercadológicos que estabelecem o Brasil em uma posição favorável mundialmente. O Brasil lidera a corrida da transição energética e é considerado a vanguarda dos biocombustíveis, que estão gradualmente substituindo os combustíveis fósseis, sendo o etanol um deles, definido como uma “solução imediata”, com benefícios ambientais e à saúde já comprovados. Oferece preços acessíveis e permite aos fabricantes sustentabilidade e longevidade para o uso da gasolina, e é escalável, ou seja, pode crescer com o tempo utilizando matérias primas disponíveis, incluindo resíduos orgânicos para a conversão celulósica em etanol.
O presidente da Datagro citou, ainda, algumas políticas públicas que colocam o Brasil a frente do mercado sucroenergético, como a Lei Combustível do Futuro, que aumentou a porcentagem da mistura do etanol na gasolina para 30%; a certificação individual concedida pelo Instituto RenovaBio; a Emenda Constitucional 123, que assegura o diferencial competitivo entre s combustíveis e os biocombustíveis em patamar igual ou superior ao vigente do ano de sua constituição; o Programa MOVER, que defende a descarbonização dos veículos produzidos e comercializados no país e o PATEN (Programa de Aceleração da Transição Energética), que viabiliza o uso de títulos públicos como garantia para investimentos em projetos de transiçã ;o energética.
Plínio Nastari finalizou a palestra magna constatando que o setor sucroenergético nacional está em uma posição confortável, mesmo requerendo atenção tanto no curto quanto no médio e longo prazo, mas que é o mais competitivo produtor de cana e de açúcar do mundo.
