Agro

Presidente da Stab Leste avalia efeitos do clima na safra da cana em Alagoas

O clima no último verão ocasionou uma falta de umidade para que a socaria da cana-de-açúcar pudesse crescer

Por BCCOM Comunicação 29/05/2025 17h05
Presidente da Stab Leste avalia efeitos do clima na safra da cana em Alagoas
Estiagem em Alagoas - Foto: Agência Brasil/Arquivo

A falta de chuva no último verão, nos meses de outubro, novembro e dezembro, aliada à estiagem nos três primeiros meses do ano de 2025, ocasionaram uma falta de umidade para que a socaria da cana-de-açúcar pudesse crescer. Fato que pode acarretar um atraso no começo da safra, mas que aumentou o rendimento industrial de 12 à 15kg de ART a mais do que o último ano, segundo o presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros – Regional Leste (Stab Leste), Cândido Carnaúba.

“Provavelmente, as usinas que têm o costume ou a prática de começar a safra no mês de agosto só vão começar em setembro. É o caso da Usina Santo Antônio e da Usina Pindorama, por conta do tamanho da cana. Mas, na realidade, a gente sabe que o bolso é quem manda. Às vezes, está se precisando de recursos, e se colhe cana pequena, porém com um prejuízo muito grande. O que a seca prejudicou os nossos canaviais, em termos de produtividade, deu uma melhorada muito grande na questão de rendimento industrial. É tanto que nós moemos um milhão e poucas toneladas a menos, mas fizemos quase as mesmas toneladas de ART por safra”, afirmou.

Cândido falou ainda de uma redução de custos em relação ao ano passado. “Lógico que quando você colhe menos, você transporta menos, você processa menos, você gasta menos recursos. E o faturamento basicamente vai ser o mesmo”, declarou.

O presidente da STAB-Leste afirmou que esse atraso inicial e a queda na produtividade ainda podem ser resolvidos. “Isso pode ser sanado se nós tivermos um verão chuvoso o ano que vem, ou esse ano. Se nós tivermos outubro, novembro e dezembro com chuvas, a gente pode ter esse ‘gap’ (lacuna) de produção do que nós não tivemos na safra passada”, afirmou.

Apesar de as expectativas positivas, a preocupação continua, principalmente com a época de chuvas intensas. “A gente teve mais chuva em quatro dias do que nos quatro meses [do ano]. A gente tem uma média muito baixa acumulada até abril, de 250 a 300mm. Então, na realidade, isso é uma preocupação. Agora, com a intensificação das chuvas, você tem uma diminuição da insolação, da temperatura; logicamente o canavial não vai ter esse desenvolvimento. Ele vai crescer pouco, porque ele precisa de temperatura e luz para se desenvolver. Outro fator que prejudica bastante é que essa chuva muito intensa – em poucos dias, choveu 400mm – os nutrientes podem ser carreados e a planta não ter acesso a eles. Porém, a chuva abasteceu o lençol freático, o subsolo. Se continuar chovendo nos meses de junho e julho, as plantas, a partir do mês de agosto, é que vão começar realmente a crescer”, explicou.

Segundo Carnaúba, mesmo com todos esses fatores, a cana pode crescer dentro do esperado para 2026, mas ainda é o clima que vai decidir. “Os meses que a cana mais cresce são setembro e outubro. Isso por conta a insolação, da quantidade de água que existe no subsolo, da temperatura. Se nós tivéssemos um mês de novembro também com bastante água, talvez fosse o mês que mais crescesse”, explicou.