Agro

Especialista diz que chegou a vez do Nordeste na produção de Biodiesel

Miguel Ângelo Vedana, diretor executivo na BiodieselBR e novaCana participou do seminário Bumba Meu Bio, em Maceió

Por Ylailla Moraes* 28/07/2023 16h04 - Atualizado em 28/07/2023 16h04
Especialista diz que chegou a vez do Nordeste na produção de Biodiesel
Miguel Ângelo Vedana, diretor executivo na BiodieselBR e novaCana - Foto: Divulgação

O Seminário Bumba Meu Bio, realizado entre quinta e sexta-feira, 27 e 28, em Maceió, abordou assuntos fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar e a produção de biocombustíveis no cenário alagoano, nordestino e brasileiro.

Promovido União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Alagoas (Unicafes-AL), o evento reuniu especialistas, lideranças agrícolas, representantes de cooperativas e membros do setor para uma grande rede de network entre os temas da produção energética e agrária.

Um dos assuntos centrais no dia de abertura foi justamente a representatividade das regiões Norte e Nordeste na produção de biodiesel. “A gente tá falando do selo agora, 20 anos de programa e agora o selo mostra uma mudança”, pontuou, Miguel Angelo Vedana, diretor executivo na BiodieselBR e novaCana, uma das principais empresas de biocombustível no Brasil, com relação ao Selo do Biocombustível Social, ferramenta de fomento à inserção do agricultor familiar no mercado do biodiesel.

Miguel falou sobre a importância da destinação de uma porcentagem, agora obrigatória, de investimento dos recursos do Ministério de Minas e Energia no Nordeste. Angelo levou ao evento uma edição de maio do ano 2013 da revista “Biodisel/BR”, que teve como manchete de capa a frase “O Biodiesel esqueceu do Nordeste ".

“O Selo de Combustível Social foi criado para ajudar agricultores familiares que precisam de fomento, precisam aprender a fazer e vender seu produto”, disse, enquanto ressaltava a disparidade entre a situação dos produtores do sul em relação aos produtores nordestinos. “E o produtor do sul já sabe”, completou Angelo, “porque ele está produzindo aquilo há 20 anos, agora aqui no Nordeste a coisa é muito diferente, você tem gente que precisa mais, você tem uma renda menor, tem um desafio maior”.

“Essa mudança que foi feita pelo CNPE [Conselho Nacional de Politica Energética] de obrigar as usinas a investirem aqui no nordeste foi uma grande mudança. Agora é a hora para uma reformulação”, finaliza Angelo.

No Brasil, a agricultura familiar é responsável por produzir mais de 70% dos alimentos consumidos no país, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2019),esse quantitativo garante a sobrevivência de muitas famílias de agricultores que vivem em condições de extrema pobreza. Pensando nesse contexto, um trabalho chamado “O mapa da riqueza no Brasil”, idealizado pelo economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social traz informações atualizadas sobre a pobreza no país. Os dados apontam que nos rankings dos cinco piores colocados na renda média da população – tanto em Estados quanto em capitais e municípios –, todos estão localizados na região norte e nordeste do país.

Sobre o evento


O seminário reuniu dirigentes de cooperativas da agricultura familiar, além de empresários, dirigentes de entidades do setor e especialistas em biodiesel. O Encontro foi aberto com a palestra “O que é o Selo Biocombustível Social para a Agricultura Familiar?”, contando ainda com a apresentação dos cases de sucesso “O Selo como fortalecimento da juventude da agricultura familiar”; “O Selo como fortalecimento dos grupos de mulheres da agricultura familiar” e “O Selo como fortalecimento das relações entre cooperativas e sindicatos da agricultura familiar”.

À tarde, a programação prosseguiu com a palestra “Selo Biocombustível Social e a integração com outras políticas públicas” e, em seguida, com a realização do painel “O Selo Biocombustível Social como estratégia: segurança alimentar e nutricional; inclusão produtiva de fomento e desenvolvimento regional”.

As atividades do primeiro dia do Bumba Meu Bio foram encerradas com a palestra “O papel da comunicação e das mídias sociais como estratégias para promover e defender o Selo Biocombustível Social”.

Na sexta-feira, 28, o encontro contou com com mesas redondas, grupos de trabalho e, no encerramento, com a leitura da Carta de Maceió, documento assinado por lideranças agrícolas que pedem, entre outros pontos, o fortalecimento da cadeia do biodiesel no nordeste. 

*Estagiária sob supervisão