Agro

Chuvas impedem moagem da cana e prejuízo pode chegar a R$ 340 milhões em Alagoas

Volume colhido até a segunda semana de fevereiro foi 6,57% menor do que o mesmo período do ano passado

Por Vinícius Rocha 28/02/2023 16h04 - Atualizado em 28/02/2023 18h06
Chuvas impedem moagem da cana e prejuízo pode chegar a R$ 340 milhões em Alagoas
Cana-de-açúcar - Foto: Reprodução

A recorrência e intensidade das chuvas em Alagoas durante a safra 2022-2023 podem trazer prejuízos de mais de R$ 340 milhões para os produtores de cana do estado. A condição climática atrasou a moagem e dois milhões de toneladas de cana podem deixar de ser colhidas.

Até o último dia 15 de fevereiro, de acordo bom o boletim de acompanhamento de safra do Sindaçúcar-AL as usinas tinham processado 14,7 milhões de toneladas de cana no ciclo atual, um volume -6,57% menor se comparado com igual período da moagem 2022/20223 (15,7 milhões).

A previsão da entidade apontava para uma produção de cerca de 19,5 milhões de toneladas de cana na atual safra. O consultor do Sindaçúcar-AL, Cândido Carnaúba, explica que o setor corre o risco de não atingir esse número.

“Há uma demanda de cinco milhões de toneladas de cana, então há uma preocupação geral de que não haja tempo hábil para moer essa cana. Se os meses de março e abril forem chuvosos, nós poderemos ter um contingente de um a dois milhões de toneladas de cana que não poderão ser processadas”.

Em Alagoas, a moagem da cana costuma ir até o dia 31 de março, porém, em 2023, poderá seguir até a segunda quinzena de abril, caso o clima favoreça e os produtores consigam fechar a safra. Se o tempo não permitir, a moagem ficará para a próxima safra.

Não só na quantidade de cana colhida está o prejuízo. O excesso de chuvas e a incidência de pragas diminuem a qualidade do produto que chega às usinas de Alagoas. A cana, com a absorção de água, fica um pouco mais pobre em virtude da diminuição da sacarose, então se um menor rendimento de açúcar por tonelada de cana.

Edgar Filho, presidente da associação, explica que a safra 22-23 foi desafiadora atípica, já que as chuvas de inverno se estenderam até o verão, época de colheita da safra, impactando negativamente na moagem e na produtividade da cana, principalmente na Região Norte do estado.

“O índice de tonelada de cana por hectare caiu, este ano, cerca de 10 toneladas por hectare, então, nós que tínhamos uma média de 60,65 toneladas por hectare, tivemos produtores que fecharam com 50, 53,54. Isso foi uma questão geral no Norte de Alagoas”, observou Filho. Segundo ele, no Sul do estado o impacto foi menor porque a recorrência de chuva foi menor do que no Norte, mas isso fez com que os fornecedores passassem a gastar menos com irrigação.

O indicador de ATR (Açúcar Total Recuperável) da cana também apresentou queda este ano devido as chuvas e pragas, ocasionando um impacto financeiro negativo para o fornecedor. “Ano passado tivemos uma média de 130kg de ATR e esse ano não consegue se passar nem de 120kg neste índice”, apontou Edgar.