No Dia da Cachaça, o Agreste alagoano comemorou o sucesso da bebida mais consumida pelos brasileiros e se destaca no mapa turístico do país. A data é comemorada no dia 13 de setembro e marca o aniversário da Rota da Cachaça e a Arena dos Engenhos, festival que celebra a bebida em Arapiraca.

As comemorações ganham um sabor ainda mais especial com a destilaria Gogó da Ema, uma das marcas mais premiadas do Brasil e integrante da Rota da Cachaça. Apesar de levar o nome de um símbolo de Maceió, o engenho está localizado no município de São Sebastião e acumula nada menos que 55 prêmios nacionais e internacionais, conquistados em três continentes. 

Fundado pelo engenheiro Waldir Ferreira Tenório – falecido em dezembro de 2024 – e atualmente comandado pelo seu filho, Henrique Tenório, o engenho produz uma média entre 30 e 50 mil litros por ano, divididos em 16 rótulos e ainda edições especiais e limitadas.

“Hoje, a nossa cachaça considerada mais especial é a Alquimia, com 12 anos de envelhecimento. Mas é uma questão de gosto pessoal, porque lançamos poucas unidades de uma cachaça com três anos de envelhecimento em carvalho americano e foi um grande sucesso. Para algumas pessoas, o paladar pode agradar mais do que a nossa especial com 12 anos. Isso mostra como a cachaça é democrática: cada consumidor tem a sua bebida favorita”, explica Henrique Tenório.

Gogó da Ema mantém tradição, mas busca seguir tendências

Embora o catálogo seja diversificado, dois rótulos lideram as vendas: a Gogó da Ema Ouro em Bálsamo e a Umburana, com cerca de 18 mil garrafas vendidas por ano cada. Coincidentemente, a bálsamo também é a mais premiada, com 12 medalhas em seis países diferentes. Produzidas em alambiques de cobre, as cachaças unem tradição artesanal a técnicas modernas, com práticas sustentáveis como o reaproveitamento de resíduos.

Para manter a clientela e aproximar novos públicos, a cachaçaria investe na manutenção da qualidade dos rótulos premiados, ao mesmo tempo em que busca inovar. De acordo com Henrique Tenório, pelo menos dois rótulos premium deverão ser lançados entre o fim deste ano e o início de 2016, uma cachaça com envelhecimento de 15 anos e outra armazenada em um blend de sete madeiras.

“Nos últimos três anos também lançamos algumas bebidas mistas e licores, seguindo uma nova tendência, para atrair o público mais jovem e o feminino para o mundo cachaça. Investimos em bebidas que têm menor teor alcoólico e bebidas saborizadas, mas baseadas na cachaça, como a cravo e canela, a bananinha, a cachaça com jambu ou ainda o licor fino de cachaça. A gente está sempre se especializando para acompanhar o mercado”, explicou.

Rota da Cachaça fortalece o setor e consolida marca

Para não ficar de fora das tendências, o engenho prontamente aderiu à Rota dos Engenhos, roteiro turístico criado pela Instância de Governança do Agreste, com o apoio do Sebrae Alagoas, com o objetivo de descentralizar o turismo e trazer para o Agreste o visitante que vem conhecer o litoral alagoano.

Nos finais de semana, os engenhos recebem em média 50 visitantes por dia. Esse fluxo deve aumentar com a inclusão do roteiro no programa Destinos Conscientes, da Embratur, em parceria com a plataforma Janoo. Para a Gogó da Ema, fazer parte do roteiro traz vantagens muito maiores que os ganhos obtidos com as visitas turísticas.

“Ainda não temos um fluxo muito alto de visitantes, porque no momento estamos recebendo apenas mediante agendamento. Mesmo assim recebemos muitos turistas que vão lá sem avisar, após procurar o endereço na internet. Fazemos questão de recebê-los bem, apresentar nossa história e mostrar por que nossas cachaças são premiadas”, afirma Henrique.

Além da Gogó da Ema, também integram a rota o Engenho Caraçuipe, em Campo Alegre; a Brejo dos Bois, no município de Junqueiro; e a Taverna Beer, que fica em Arapiraca e produz cervejas e cachaças artesanais. O projeto foi oficialmente lançado em 2023, após capacitações do Sebrae para preparar os engenhos para visitação turística.

“Quando a potencialidade turística foi identificada, o Sebrae começou a visitar os engenhos e a dar orientações, mostrando que, além de lucrar com a venda dos produtos, eles também poderiam receber turistas. Como sempre apoiamos as cachaçarias, essas empresas já tinham um histórico conosco. Então passamos a trabalhar com eles desde a receptividade dos visitantes, passando pela definição do roteiro, precificação e definição das experiências incluídas no passeio. O resultado que temos hoje é um roteiro que valoriza toda a cadeia produtiva, incluindo hospedagem, alimentação e artesanato, e que está consolidado no país”, ressalta Susy Santos, analista do Sebrae Alagoas.