Turismo

Prefeitura e Iphan planejam transformar Forte em parque de visitação

Instituto reforçou tese que Porto Calvo é referência no Período Holandês

Por Asssessoria 29/03/2015 11h11
Prefeitura e Iphan planejam transformar Forte em parque de visitação
Foto: Ascom

A Prefeitura de Porto Calvo e o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) pretendem fazer do forte da Ilha do Guedes, às margens do rio Manguaba, um parque de visitação arqueológica no município do Litoral Norte de Alagoas. A revelação da existência do forte transforma a cidade na maior referência da Ocupação Holandesa no Brasil. A superintendência do órgão federal, arqueólogos e representantes do governo municipal estiveram no local neste sábado (28).

Com a descoberta do forte militar em terra, os arqueólogos e o Iphan reforçaram a tese que Porto Calvo é a maior referência do Período Holandês no Brasil. Os estudiosos de Arqueologia e História afirmam que o forte da Ilha do Guedes é uma construção holandesa erguida por volta de 1640, no século 17. O arqueólogo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marcos Albuquerque informou ainda que existem poucos fortes em terra no Brasil e que o encontrado na histórica cidade está em bom estado de conservação. Ele frisou também que quase todos os fortes no Brasil eram feitos em pedra.

O superintendente do Iphan em Alagoas, arquiteto Mário Aloísio Barreto Melo, salientou a intenção do órgão federal. "Nossa intenção é conseguir recursos via Governo Federal e restaurar este forte da Ilha do Guedes. Pretendemos estabelecer um parque histórico restaurado e no futuro fazer um museu arqueológico aqui na ilha", informou. Ele disse ainda que a conservação do local fica com a responsabilidade do Iphan e com o suporte da Prefeitura de Porto Calvo e do Exército Brasileiro.

Marcos Albuquerque afirmou que o local foi usado pelas tropas holandesas no século 17. "Não tenho a menor dúvida que esse forte foi usado pelos holandeses. Ele está bem posicionado estrategicamente. Provavelmente essa ilha foi ocupada pela tropa holandesa na fase de ocupação do Brasil. Esse achado não tem apenas ligação com a história de Porto Calvo. Ele tem ligação com o sistema colonial da época, com a história do Brasil, da Holanda, Portugal e Europa", destacou. Ele frisou ainda que foi em Porto Calvo que a Holanda conquistou a maior vitória em solo brasileiro na época.

O diretor de Cultura do município, Adelmo Monteiro, disse que o governo municipal está empenhado no projeto. "A prefeitura já tem a posse do terreno e nossa intensão é transformar o local em parque de visitação arqueológica. Vamos trabalhar em parceria com o Iphan. Essa revelação é um marco na história de Porto Calvo", ressaltou. O município possuía vários fortes no século 17.

A Prefeitura de Porto Calvo e o Iphan também estudam futuramente transformar o Alto da Forca, local onde atualmente funciona o Hospital Municipal São Sebastião, em museu arqueológico. O local também foi um forte do período da Ocupação Holandesa. A intenção do órgão federal é transformar o município em um amplo parque de visitação arqueológico com incluindo o forte da Ilha do Guedes, a Batalha da Comandatuba, a Batalha da Mata Redonda, o Alto da Forca, a histórica igreja de Nossa Senhora da Apresentação, e os dois fortins (baterias) do oiteiro.

Segundo o estudo do Iphan, o reduto da Ilha do Guedes é também um provável acampamento de Johannes Lichthard, um almirante neerlandês a serviço da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. A pesquisa contou também com a parceria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Arqueolog Pesquisas e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura.

Em Porto Calvo, entre 1645 e 1637, ocorreram cercos e batalhas que alternaram a sua posse, até que a campanha conduzida pelo conde Maurício de Nassau, após batalha decisiva, o conquistou, expulsando as tropas ibero-brasileiras para a Bahia. O estudo do Iphan iniciou em 2013. No século 17 a região foi cenário de movimentações de tropas, de batalhas e de fortificações durante o embate travado entre holandeses e ibéricos pelo território brasileiro.