Em 2018 Alfredo Gaspar cogitou disputar o Senado. Desistiu em nome de um projeto maior. Ele pretendia ser eleito prefeito de Maceió, em 2020, com o apoio de Renan Filho. E talvez fosse. Liderava as pesquisas e era o grande favorito, até que deu passo maior do que suas pernas podiam aguentar.

Foi o próprio Gaspar, no auge de sua popularidade, que costurou uma aliança com o então prefeito de Maceió Rui Palmeira. Ao fim e ao cabo, o eleitor – que queria mudança - não entendeu como o ex-procurador Geral de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública montou um palanque que ao mesmo tempo era governo e oposição. Só para refrescar a memória: Palmeira era adversário dos Renans.

Agora, Alfredo Gaspar volta a ensaiar uma nova candidatura ao Senado. De novo no auge da popularidade, no embalo das redes sociais alimentadas por um discurso cada vez mais conservador e de direita e, claro, por sua performance quase teatral na CPMI do INSS.

O nome dele vem sendo testado em várias pesquisas. Em todas, aparece bem. A pré-candidatura do deputado federal Alfredo Gaspar Mendonça ao Senado em 2026 ganha força agora após declarações feitas durante uma confraternização com a equipe de seu escritório, realizada nessa segunda-feira (29/12), na Barra de São Miguel.

A informação, inicialmente divulgada por um perfil de notícias no Instagram, foi confirmada por fontes ouvidas pelo blog. Segundo relatos de participantes do encontro, Alfredo Gaspar teria deixado claro que pretende disputar uma das duas vagas ao Senado no próximo pleito – um desejo que ele não esconde de ninguém.

A decisão, segundo interlocutores, teria sido comunicada a Arthur Lira e será tratada em uma reunião, na próxima semana, com o prefeito de Maceió, JHC. No entanto, há um porém. A candidatura de Alfredo Gaspar ao Senado não é automática, nem isolada. Ela depende de uma condição política considerada decisiva por seus aliados mais próximos — a existência de um candidato competitivo ao governo do Estado, capaz de liderar a chapa majoritária.

Na versão de alguns interlocutores, Gaspar toparia ser candidato ao Senado desde que seja em uma dobradinha com JHC, como candidato a governador, e Marina Candia disputa a outra vaga ao Senado.

O problema é que os sinais emitidos pela Prefeitura de Maceió seguem ambíguos. Apesar das especulações recorrentes sobre uma candidatura ao governo, JHC tem adotado gestos, atos administrativos e programas que indicam planejamento para permanecer à frente da capital. Publicamente, mantém o discurso de que pode sair; na prática, governa como quem pretende ficar.

Essa indefinição trava o avanço das articulações. Sem um candidato a governador “para chamar de seu”, a oposição segue em compasso de espera. E, nesse cenário, a pré-candidatura de Alfredo Gaspar ao Senado passa a ser menos uma decisão individual e mais uma peça de um quebra-cabeça maior.

Gaspar, segundo aliados, não costuma recuar quando assume compromissos políticos. Mas, como a política ensina, compromisso também depende de contexto. E, neste caso, o contexto passa, necessariamente, pela pergunta que ainda não foi respondida: JHC será ou não candidato ao governo de Alagoas em 2026?

Enquanto essa resposta não vem, o Senado segue no horizonte — com reticências.

Uma outra questão a ser esclarecida: Arthur Lira de fato foi avisado de que Gaspar vai concorrer contra ele por uma vaga no Senado? Se sim, qual foi ou será sua ração? Mas essa é outra história.