Política

Glauber Braga é retirado à força após ocupar cadeira da presidência da Câmara

Manifestação teve início logo após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciar que levaria ao plenário o pedido de cassação do mandato de Braga

Por Agência Brasil 09/12/2025 19h07
Glauber Braga é retirado à força após ocupar cadeira da presidência da Câmara

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força do plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (9), após ocupar a cadeira da presidência em protesto contra a votação de seu pedido de cassação. A remoção foi realizada por agentes da Polícia Legislativa Federal.

A manifestação teve início logo após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciar que levaria ao plenário o pedido de cassação do mandato de Braga, juntamente com os processos de Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ). Os dois últimos já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas os casos não têm relação entre si.

No mesmo momento, Motta também pautou a votação do projeto que prevê redução das penas para envolvidos na trama golpista.

"Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário", desafiou Glauber Braga, durante o protesto.

O parlamentar pode perder o mandato por ter agredido, com um chute, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), no ano passado, após ser provocado.

Ao ocupar a cadeira da presidência, Glauber Braga fez críticas à postura de Hugo Motta em agosto, quando deputados da oposição obstruíram fisicamente a mesa diretora do plenário por cerca de 48 horas. Na ocasião, não houve retirada forçada dos parlamentares nem punições. Desta vez, menos de uma hora após o início do protesto, Glauber foi removido por agentes de segurança.

O sinal da TV Câmara, que transmitia ao vivo a sessão, foi imediatamente cortado, e a imprensa, retirada do local, sem poder acompanhar a situação. Até o momento, não foi informado se a decisão de suspender a transmissão e esvaziar o plenário partiu de Hugo Motta.

Imagens feitas por deputados mostram o momento em que Braga é retirado à força, sob protestos de aliados. O parlamentar foi levado ao Salão Verde, fora do plenário Ulysses Guimarães, com as roupas rasgadas. No local, ao lado de deputados governistas, ele criticou duramente a ação.

"O senhor [Hugo Motta], que sempre quis demonstrar, como se fosse o ponto de equilíbrio entre forças diferentes, isso é uma mentira. Porque com os golpistas que sequestraram a mesa, sobrou docilidade. Agora, com quem não entra no jogo deles, é porrada. Os caras ficaram 48 horas, eu fiquei algumas poucas horas, e já foi suficiente para este tipo de ação", afirmou Glauber.

"O que está acontecendo agora é uma ofensiva golpista. A votação da minha cassação com uma inelegibilidade de oito anos não é um fato isolado. Nesse mesmo pacote, eles querem votar a anistia, que não é dosimetria, levando à possibilidade de que Jair Bolsonaro só tenha dois anos de pena. Combinado com isso, querem manter os direitos políticos de Eduardo Bolsonaro. Porque quando há o desligamento por faltas, a pessoa continua elegível", criticou.

O deputado afirmou ainda que continuará lutando pelas liberdades democráticas. "Amanhã [10] tem a votação, no plenário da Câmara, da cassação. Eles podem até cassar o mandato, mas têm que ter a certeza de que, até o último minuto, eu vou estar lutando não é por mim, pelo mandato, não. Eu vou estar lutando para que eles não firam as liberdades democráticas em um pacote golpista, como estão tentando fazer. Hoje fazem comigo, amanhã fazem com outras forças populares, democráticas, e isso não tem como aceitar", completou.

Em nota publicada na rede social X, Hugo Motta afirmou que Glauber Braga desrespeitou a Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo. "Inclusive de forma reincidente, pois já havia ocupado uma comissão em greve de fome por mais de uma semana."

"O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele. Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida", declarou Motta.