Política

Demarcação em Palmeira é “injustiça histórica”, diz presidente da Faeal

Vozes como as de Adeilson Bezerra e Álvaro Almeida, presidente da Federação da Agricultura de Alagoas (Faeal), reforçaram a crescente mobilização dos produtores rurais que estão ameaçados de perder suas terras

Por Blog de Edivaldo Junior 25/11/2025 09h09 - Atualizado em 25/11/2025 10h10
Demarcação em Palmeira é “injustiça histórica”, diz presidente da Faeal
Álvaro Almeida, presidente da Faeal - Foto: Reprodução

Na sessão especial da Assembleia Legislativa de Alagoas, realizada nessa segunda-feira (24/11), a polêmica da demarcação da Terra Indígena Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios, ganhou novo patamar. Além do deputado Cabo Bebeto, que convocou o debate, vozes como as de Adeilson Bezerra e Álvaro Almeida, presidente da Federação da Agricultura de Alagoas (Faeal), reforçaram a crescente mobilização dos produtores rurais que estão ameaçados de perder suas terras.

“Sem diálogo não há justiça”, afirmou Bezerra, que tem liderado a mobilização legal e institucional. Para ele, a discussão exige mais transparência: “É preciso uma reavaliação técnica para que não se sacrifiquem famílias que estão há décadas em suas terras.”

A atuação de Bezerra foi reconhecida, por diversos dos presentes, como decisiva para trazer a “briga” local para o plano estadual e para Brasília.

Segundo Bezerra, a luta contra a demarcação estava parada: “nós não tínhamos nada. Nós só tínhamos discurso político, Só discurso e não tínhamos uma ação. Então, foi necessário, nessa questão do marco temporal, lá em Brasília, o nosso partido entrar com uma ação. O que vai salvar o Brasil, vai salvar a Palmeira dos Índios”, afirmou.

Bezerra lembra a reunião que teve no STF: “Quando eu tive lá com o ministro Gilmar Mendes, eu fui junto com o Paulinho da Força e cheguei a falar com ele por 10 minutos. Ele disse: 'Olha, já me falaram muito disso, mas vocês cometeram um erro grande, nunca judicializaram. E eu quero ficar contente que a gente tá judicializou tanto lá em Brasília como na oitava vara, porque hoje já se admite quem tem terra registrada em cartório já é outra situação, quem registrou ali, eles já vão respeitar esse marco temporal e dizer que eu sempre falei, que a gente tinha que agir no jurídico e no político”, relatou.

Fiquem


Álvaro Almeida, por sua vez, adotou tom mais incisivo. Segundo ele, “essa demarcação tão falada atinge também a área urbana”, e há documentos com mais de 100 anos que comprovam posse anterior à fundação de Palmeira dos Índios. Ele criticou a proposta atual, que segundo ele seria excessiva: “Se o Governo Federal avançar sem critério, vai provocar um desarranjo social devastador”.

A Faeal, sob comando de Almeida, reforçou que não aceita que os produtores sejam obrigados a deixar suas propriedades. Segundo a federação, muitos desses pequenos agricultores têm títulos consolidados e exercem suas atividades há gerações — reivindicar a retirada deles, diz Almeida, seria uma “injustiça histórica”.

"E é por isso que eu estou aqui dizendo aos senhores que só depende de uma assinatura. E nós no estado de Alagoas, e os senhores sabem disso, temos muita gente e sem nenhuma preocupação que apoia o nosso presidente da República. Então é muito fácil procurar o presidente da República e dizer: "A situação de Palmeira dos Índios é essa: nós vamos eh prejudicar mais de 10.000 pessoas. Não são só os produtores, são também o comércio e toda a Palmeiras dos Índios", afirmou Almeida.

O presidente da Faeal reforçou: "Agora, para terminar, me permitam dizer, os senhores precisam se organizar mais. Então se juntem. A situação é para se juntar. Não saiam das suas propriedades. O direito penal diz que se permite a vítima a defesa, ela é a preservação da vida e a resistência de vocês. É para manter vocês no habitat de vocês, respeitar os avós, os pais. Não saiam mesmo”, reforçou Almeida.

A sessão reuniu ainda outras autoridades: representantes do Ministério Público, da Defensoria, da Prefeitura de Palmeira dos Índios, além de deputados estaduais. A expectativa é que as manifestações colhidas ali sejam usadas para pressionar pelo recálculo da área demarcada e pela exigência de estudos mais sólidos.

O debate na Assembleia Legislativa reflete um momento político tenso. Para os produtores, liderados por Bezerra e respaldados por Almeida, a demarcação como proposta pode representar não apenas uma ameaça à propriedade, mas um risco ao sustento de centenas de famílias. Já para o Governo Federal, a homologação da terra reforça os direitos indígenas, mas precisa enfrentar agora a forte mobilização social e institucional no Estado.

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Assembleia discute tensão sobre demarcação em Palmeira dos Índios e pede reavaliação do Governo Federal