Política

Operação no Banco Master pode ter desdobramentos políticos em Alagoas

A dimensão da fraude já mobiliza parlamentares em Brasília e estimula a oposição no Distrito Federal a cobrar uma CPI

Por Blog de Edivaldo Junior 19/11/2025 04h04
Operação no Banco Master pode ter desdobramentos políticos em Alagoas
Sede do Iprev. - Foto: Assessoria

A Operação Compliance Zero pela Polícia Federal, com a prisão de dirigentes do Banco Master e a revelação de um rombo bilionário, vai além das esferas econômicas e policiais. A investigação também abre uma nova frente de tensão política que pode ter desdobramentos em Alagoas.

A dimensão da fraude — estimada pela PF em mais de R$ 12 bilhões — já mobiliza parlamentares em Brasília e estimula a oposição no Distrito Federal a cobrar uma CPI para investigar relações do BRB com o Master e com agentes públicos.

O ponto de maior atenção, no entanto, está numa possível delação premiada do dono da instituição, Daniel Vorcaro, que, segundo relatos de um deputado federal ao blog teria condições de implicar figuras importantes do centro e da direita no Congresso. Se esse cenário avançar, a repercussão nacional deverá alcançar diversos estados, incluindo Alagoas, onde o ambiente político já começa a reagir aos primeiros sinais de instabilidade.

“Tem muito político influente em Brasília que tinha relação próxima com o dono do Banco Master. O que se comenta é que eles certamente seriam implicados no caso de uma delação premiada”, aponta o parlamentar.

Em Alagoas, o caso ganha maior visibilidade por causa dos investimentos realizados pelo Instituto de Previdência dos Servidores de Maceió no Banco Master. O episódio, que já vinha sendo debatido desde o início do ano, voltou ao centro das atenções após a liquidação extrajudicial da instituição financeira. As aplicações, estimadas em cerca de R$ 117 milhões, alimentaram uma disputa direta entre o ex-prefeito Rui Palmeira e o atual prefeito JHC.

Rui sustenta que o Iprev assumiu riscos excessivos ao optar por títulos sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos e insiste que as operações foram conduzidas com consultorias já investigadas pela própria PF. A gestão municipal, por sua vez, garante que todos os pagamentos aos servidores e aposentados estão assegurados e que as aplicações foram feitas dentro das normas vigentes à época, cabendo agora buscar judicialmente a recuperação dos recursos.

A discussão, já acalorada, ganhou novo fôlego na Câmara de Vereadores, onde o tema dominou os debates desta terça-feira. Parlamentares da oposição pressionam por explicações mais detalhadas e buscam atribuir responsabilidade política ao governo municipal, enquanto aliados de JHC reforçam a tese de que não há risco imediato para os beneficiários do Iprev.

O ambiente tende a esquentar ainda mais à medida que a operação da PF avança e novas informações surgem sobre a atuação do Banco Master no mercado financeiro, especialmente se delações confirmarem a presença de articulações com agentes políticos de alta influência em Brasília.

No curto prazo, o caso já pressiona o debate em Maceió e leva a administração municipal a agir para demonstrar transparência e rapidez na tentativa de recuperar os investimentos. No médio prazo, a eventual citação de parlamentares federais próximos a lideranças alagoanas poderá alterar alianças, redesenhar estratégias eleitorais e provocar revisões de posicionamento dentro da bancada federal.

Nota

A Prefeitura de Maceió mantém tom de tranquilidade. Reitera, em nota, que o Iprev segue solvente, que os pagamentos não serão afetados e que o município já está tomando as medidas necessárias para responsabilizar o Banco Master e recuperar os valores aplicados.

Nota - Maceió Previdência

O Maceió Previdência informa que, a despeito da liquidação do Banco Master anunciada nesta terça-feira pelo Banco Central, os pagamentos aos aposentados e pensionistas do instituto estão absolutamente garantidos. O depósito relativo à folha de novembro será efetuado no dia 27 deste mês; enquanto os depósitos referentes à folha de dezembro e ao décimo terceiro salário serão realizados no dia 19 de dezembro.

O patrimônio do Maceió Previdência atingiu recentemente a marca recorde de R$ 1,4 bilhão, e os investimentos realizados em títulos do Banco Master representam menos de 10% desse total.

É importante destacar ainda que à época das aplicações o Banco Master estava plenamente habilitado no Banco Central e no Ministério da Previdência, e contava com grau de investimento atribuído por renomada agência de risco, o que atestava sua solidez financeira. Além disso, os investimentos foram realizados de acordo com as regras e aprovados pelo Conselho de Administração.

O Maceió Previdência está em contato com os órgãos reguladores, especialmente o Banco Central, para se inteirar sobre o processo de devolução dos recursos investidos e desdobramentos da liquidação da instituição financeira, representando aposentados e pensionistas e exigindo seus direitos.