Política
Fabiano Contarato é eleito presidente da CPI do Crime Organizado
Comissão terá 120 dias para investigar facções, milícias e lavagem de dinheiro no país
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará o crime organizado no Brasil. A escolha ocorreu nesta terça-feira, 4 de novembro, durante a primeira reunião do colegiado. Alessandro Vieira (MDB-SE) será o relator da comissão e Hamilton Mourão (Republicanos-RS) ocupará a vice-presidência.
Contarato venceu a disputa pela presidência com seis votos, contra cinco recebidos por Mourão. Em seu discurso, o senador afirmou que atuará de forma independente e defendeu que segurança pública não deve ser pauta exclusiva da direita. Ele citou projetos que apoiou, como a Lei 14.843, que restringe saídas temporárias de presos, e o PL 1.473/2025, que propõe punições mais severas para adolescentes envolvidos em crimes graves.
O plano de trabalho da CPI foi aprovado pelos senadores e elaborado por Alessandro Vieira. O relator destacou que o objetivo é diagnosticar a situação do crime organizado no país e identificar políticas públicas eficazes. Segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), o Brasil possui cerca de 88 organizações criminosas em atividade.
Entre os temas que serão investigados estão a ocupação de territórios, lavagem de dinheiro com foco em criptomoedas, atuação em setores lícitos como combustíveis e mercado imobiliário, sistema prisional, corrupção, tráfico de drogas e armas, rotas de mercadorias ilícitas e integração entre órgãos de segurança pública e Forças Armadas.
A CPI também ouvirá autoridades e especialistas. Governadores e secretários de segurança dos estados mais seguros, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal, serão convidados, assim como representantes do Rio de Janeiro e São Paulo, onde atuam facções como o PCC e o Comando Vermelho. Também serão chamados governadores de estados com altos índices de violência, como Amapá, Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas.
Do governo federal, a comissão deve receber o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, além de diretores da Polícia Federal, Senappen e Abin. O promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há duas décadas, será um dos cinco especialistas convidados, junto com cinco jornalistas investigativos.
A instalação da CPI ocorre uma semana após a operação policial que resultou em 121 mortes nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A comissão terá 120 dias para conduzir os trabalhos e contará com R$ 30 mil de orçamento.

