O anúncio de exonerações desta semana na prefeitura de Maceió, que atingiu mais de 50 servidores apontados como indicados do deputado estadual Mesaque Padilha e do líder evangélico Gunnar Nunes, não é um episódio isolado na gestão de JHC: é um recado ao seu grupo político.

A publicação extraordinária no Diário Oficial da Prefeitura com as exonerações, seguida de ampla divulgação do episódio em veículos ligados a JHC , deixou claro que o prefeito vai punir quem seguir rumos diferentes dos seus.

A mensagem é clara. Primeiro, cargos e benesses na administração municipal para quem oferece disciplina e lealdade. Segundo, a tolerância do chefe tem limites — quem “desobedece” perde espaço.

O recado não é o primeiro e certamente não será o último. Em maio, o prefeito tirou todos os indicados de Arthur Lira da Secretaria de Educação.

Em julho, o prefeito adotou a mesma fórmula ao exonerar indicados de três vereadores considerados rebeldes (Cal Moreira, Brivaldo Marques e Thiago Prado) — episódio que, na época, serviu tanto como medida "didática" quanto como demonstração de força política.

No caso dos vereadores, dias depois parte das demissões foi revertida quando a rebelião foi contida. Aquilo também foi “didático”, como registrei aqui. Quem corrige seus "desvios" pode ser perdoado. No caso de Lira, por enquanto, as exonerações não foram revertidas.

Pela frente, o prefeito tem como prioridade do momento montar chapa de deputado federal. E nesse embalo, vai precisar da ajuda não só de vereadores e deputados estaduais, mas também de aliados que estão na prefeitura de Maceió e que tem mandato na Câmara dos Deputados.

Fica a dúvida se os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça, Marx Beltrão e Fábio Costa, que mantém indicados na estrutura da prefeitura, incluindo cargos de primeiro escalão, vão continuar na base de JHC. Porque é bom lembrar: Gunnar foi punido porque se filiou ao PP para disputar o mandato de Federal no próximo ano, ao lado desses três deputados federais.