Afinal, existe ou não “indústria” de multas de trânsito em Maceió? O deputado estadual Lelo Maia (União) se envolveu num numa verdadeira polêmica com agentes de trânsito do DMTT, na última sexta-feira (17/10). Após o episódio, o parlamentar postou nas redes sociais um ‘carrossel’ denunciando que houve, além de outros supostos abusos, um “aumento expressivo no número de multas” na capital de Alagoas.

De fato. O debate sobre o papel do Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT) em Maceió ganhou novo fôlego o “imbróglio” com o deputado e a divulgação de dados que apontam um crescimento superior a 240% na arrecadação e no número de multas entre 2021 e 2024.

Os números reforçam o discurso do deputado estadual Lelo Maia (PRD), que vem denunciando o que chama de “indústria da multa” e prometendo levar o caso ao Ministério Público.

De acordo com informações apuradas pelo Blog do Edivaldo Junior no Portal da Transparência, a arrecadação com infrações de trânsito saltou de R$ 8,1 milhões em 2021 para R$ 27,7 milhões em 2024, um aumento de 241,4%. Nesse mesmo período, a estimativa do número de multas emitidas também cresceu cerca de 237%, passando de aproximadamente 42 mil para 141 mil autuações.

| Ano | Valor Arrecadado (R$) | Estimativa de Multas* |

| ---- | --------------------- | --------------------- |

| 2021 | 8.137.611,09 | ~41.980 |

| 2022 | 13.554.168,51 | ~69.360 |

| 2023 | 15.134.526,09 | ~77.260 |

| 2024 | 27.777.282,12 | ~141.420 |

*Estimativa baseada na média ponderada de R$ 193 por multa, considerando predominância de infrações graves e gravíssimas.

Apenas em agosto de 2025, conforme divulgou o jornalista Ricardo Mota, o DMTT aplicou mais de 20 mil multas, volume que, segundo analistas, revela tanto a intensidade da fiscalização quanto possíveis falhas na estrutura de orientação do trânsito na capital.

Contra-ataque

Os dados dão novo impulso à ofensiva de Lelo Maia contra a DMTT. Em suas redes sociais, o parlamentar afirmou que a política de trânsito em Maceió tem caráter arrecadatório, e não educativo. “Se fosse pra educar, não precisava de guincho”, escreveu o deputado, em uma série de publicações com tom de denúncia.

Lelo questiona: “Por que a primeira medida é multar e guinchar?”. Ele cita exemplos de motoboys punidos por paradas rápidas, trabalhadores atrasados por blitz em horários de pico e mães que perdem o carro ao estacionar perto de escolas. Para ele, “isso não é educação. É uma armadilha”.

Segundo o parlamentar, o crescimento das autuações e o custo das estadias nos pátios mostram que a atuação da DMTT “virou negócio”. Ele menciona ainda denúncias de metas internas de multas, blitz programadas estrategicamente e abusos cometidos por agentes.

Diante do cenário, Lelo afirmou ter levado o tema à Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), onde protocolou pedido de investigação e solicitou dados públicos sobre multas, remoções e contratos de guincho. “A população merece respostas”, declarou.

O caso

A polêmica ganhou força após o episódio em que o deputado tentou impedir o guinchamento de um veículo e confrontou agentes da DMTT, o que gerou ampla repercussão nas redes sociais. Para parte da população, Lelo agiu em defesa dos motoristas; para outros, extrapolou suas atribuições.

Em resumo, um carro que transportava clientes de um escritório de advogacia do parlamentar foi parado pela fiscalização na entrada de Maceió. O deputado chegou ao local dando início a um verdadeiro embate.

Em vídeo que circula nas redes sociais (veja aqui) ele contesta a autuação por transporte irregular de passageiros. Lelo Maia explica que estudou a legislação e consultou a Arsal: “transportar clientes é regular e não cabe multas”, resumiu. Em alguns momentos ele tenta dar voz de prisão “como cidadão” a um agente do DMTT por abuso de autoridade. Além disso, o parlamentar acusa um agente de tentar sacar uma arma contra ele.

Para entender melhor o imbróglio, veja o vídeo aqui.