Política
Renan Filho abre mão de projeto nacional e unifica grupo em Alagoas
O ministro é o único nome que une o seu grupo político e, de quebra, ainda “assusta” os adversários

A visita do ministro dos Transportes, Renan Filho, a Maceió, na última sexta-feira (17), foi muito além de uma simples agenda administrativa. Durante a entrega de máquinas agrícolas na Superintendência Federal da Agricultura, o evento que reuniu o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o senador Renan Calheiros e o governador Paulo Dantas acabou se transformando em um ato político de afirmação de liderança.
Em meio ao público, uma cena chamou a atenção e resumiu o clima do momento. João dos Santos, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca e ex-vereador do município, muito conhecido no interior, ergueu a voz e gritou: “Renan Filho, presidente!”.
O gesto provocou aplausos e sorrisos, mas o ministro reagiu com cautela. Agradeceu a manifestação, reconheceu o carinho, mas explicou que a disputa presidencial não está em seus planos no curto prazo. “Esse projeto não é para agora. Agora nosso compromisso é com o presidente Lula. Podemos até pensar para 2030”, respondeu depois do evento ao cumprimentar o sindicalista.
Em seguida, já em conversa mais reservada com aliados, Renan Filho deixou claro que, até então, era apenas especulação: está decidido a disputar novamente o governo de Alagoas em 2026. Disse que o momento é de “convergência”, de união do grupo político que ajudou a construir, e que o foco agora é o Estado. “Onde eu estiver, o meu coração está em Alagoas. E eu vou estar cada vez mais presente aqui”, afirmou, sob aplausos.
Renan Filho na prática confirma que abriu mão, por ora, do projeto nacional – seja para disputar a presidência ou a vice - para fortalecer sua base em Alagoas. O movimento é mais do que simbólico, No cenário de hoje, o ministro é o único nome que une o seu grupo político e, de quebra, ainda “assusta” os adversários.
O ministro avalia que sua candidatura pode garantir a continuidade e a unidade de um grupo que hoje domina o cenário estadual — formado pelo governador Paulo Dantas, dois senadores, quatro deputados federais, mais de vinte estaduais, noventa prefeitos e centenas de vereadores.
No cenário atual, Renan Filho é visto como o único capaz de unir todas as correntes internas e evitar disputas que possam enfraquecer o bloco governista. “Ele é o nome que mantém a base unida”, garante um importante interlocutor no evento. A avaliação é de que qualquer outro nome dentro do grupo poderia gerar divisões, enquanto o retorno do ministro tende a consolidar a hegemonia política construída nos últimos anos.
Por outro lado, o avanço de Renan Filho, com discurso cada vez mais afinado ao presidente Lula e visibilidade nacional, tem potencial para desestruturar estratégias adversárias. Seu retorno à disputa estadual é visto como um movimento que pode “desestimular” politicamente os opositores — não apenas pela força eleitoral, mas pela articulação e pela capacidade de atrair apoios em todas as regiões do estado.
