Política
Gaspar aponta desvio de R$ 20 milhões no Sindnapi e fala em “retrato da imoralidade”
Deputado cita núcleo familiar que teria lucrado com contratos e comissões em nome do sindicato

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou nesta segunda-feira (20) que as investigações sobre o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) revelam “um retrato da imoralidade”. Durante o depoimento de Tônia Galletti, Gaspar destacou que mais de R$ 20 milhões circularam em favor de um mesmo núcleo familiar ligado à direção do sindicato.
Segundo o parlamentar, os recursos foram movimentados entre empresas e escritórios pertencentes a parentes de Tônia, que atuava como advogada e coordenadora jurídica do Sindnapi. O caso, apontam relatórios da CGU e da Polícia Federal, envolve suspeitas de desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas por meio de contratos e comissões de crédito consignado.
“É uma empresa familiar. Mais de 20 milhões de reais para uma única família. Isso vai contra todos os princípios morais e, mais grave, configura crime”, afirmou o relator.
Gaspar detalhou que o pai da depoente, João Batista, foi um dos fundadores do Sindnapi, e que, com o sindicato já estruturado, Tônia e o marido passaram a gerir a área jurídica e a intermediar contratos com instituições financeiras, como BMG e Generali.
O marido de Tônia teria criado a empresa Eficiente, que recebeu R$ 2,8 milhões diretamente do Sindnapi e quase R$ 5 milhões em comissões oriundas de contratos com bancos. O relator destacou ainda que a advogada teria redigido o contrato com o BMG, incluindo a Eficiente como contratada obrigatória.
“Estamos diante de um esquema organizado que impunha aos aposentados a associação compulsória ao sindicato e o pagamento de taxas para empresas controladas por familiares”, disse Gaspar.
Outros parentes também foram citados: um cunhado teria criado a empresa Esférica, que recebeu cerca de R$ 6 milhões, enquanto uma prima abriu um escritório de advocacia que faturou aproximadamente R$ 5 milhões. Já o escritório de Tônia e do marido teria recebido R$ 3 milhões.
As apurações continuam sob acompanhamento da CGU, da Polícia Federal e da CPMI do INSS, que deve ouvir novos depoimentos nas próximas semanas.
