Política

Crise no Congresso: protestos da oposição tumultuam sessões e geram tensão entre parlamentares

Presidente da Câmara critica obstrução liderada por aliados de Bolsonaro e promete agir conforme o regimento

Por Esther Barros 07/08/2025 08h08
Crise no Congresso: protestos da oposição tumultuam sessões e geram tensão entre parlamentares
. - Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados vivenciou uma noite marcada por tensão e embates entre parlamentares, após a oposição manter a obstrução do Plenário iniciada na última terça-feira (5).

A movimentação é um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro e cobra anistia para os condenados por tentativa de golpe, além do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A sessão foi aberta apenas por volta das 22h30 desta quarta-feira (6), sob comando do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que enfrentou resistência para chegar à cadeira da Mesa Diretora. 

Deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS) dificultaram sua entrada no púlpito.

Durante seu pronunciamento, Motta condenou a postura da oposição, afirmando que manifestações são legítimas, mas devem respeitar o regimento interno da Casa. “Não vamos permitir que atos individuais se sobreponham ao Plenário e à vontade coletiva desta instituição”, declarou. 

O parlamentar também criticou o uso político das manifestações. “Não podemos colocar projetos pessoais ou eleitorais acima dos interesses do povo brasileiro.”

Além de pedir respeito e diálogo, o presidente da Câmara reforçou que a presidência atuará com firmeza. A Secretaria-Geral da Mesa já alertou que condutas que dificultem o andamento dos trabalhos poderão resultar em medidas disciplinares, como representação ao Conselho de Ética e possível suspensão cautelar do mandato por até seis meses.

Outro episódio que gerou polêmica foi a presença da filha da deputada Júlia Zanatta (PL-SC), um bebê de colo, no Plenário ocupado. O deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos, acionou o Conselho Tutelar, alegando risco à integridade da criança em um ambiente tenso e instável. Em resposta, Zanatta questionou: “Será que vão tirar a gente à força?”.

Diante da ocupação também no Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou que a sessão deliberativa desta quinta-feira (7) aconteça de forma remota. Segundo ele, a medida visa garantir a continuidade dos trabalhos e evitar paralisações provocadas pela obstrução.

A crise institucional se agrava com a radicalização dos atos da oposição, enquanto a Mesa Diretora tenta assegurar o funcionamento do Legislativo dentro dos limites legais e regimentais.