A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teve ampla reação no meio político brasileiro. Apesar da visível tentativa de interferência na Justiça do Brasil, teve político “comemorando” a decisão.

Não foi o caso do senador Renan Calheiros (MDB), um dos primeiros a se posicionar contra a medida. Para ele foi uma tentativa "inaceitável" de interferência externa no sistema judicial brasileiro.

A manifestação do senador, feita por meio da rede social X (antigo Twitter), teve forte repercussão. Em poucas horas, a publicação ultrapassou 100 mil visualizações, 800 compartilhamentos, mais de mil comentários e mais de cinco mil curtidas — números que refletem a forte repercussão do posicionamento. O post viralizou – literalmente.

“É inaceitável que um governo externo, de qualquer país, pretenda interferir em processos judiciais em nosso país. É uma tentativa inútil e desproporcional de barrar punições em nosso sistema jurídico. Minha total solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Renan no X.

Reações

Outros políticos alagoanos também reagiram, demonstrando preocupação com os efeitos diplomáticos e institucionais da decisão da Casa Branca.

O deputado federal Paulão (PT) reagiu contra a decisão do presidente do americano. “Mais uma vez, o presidente dos Estados Unidos.. Donald Trump, atenta contra a soberania do Brasil ao aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, punido por cumprir seu dever constitucional de proteger a democracia e garantir o respeito à Constituição Federal. Essa medida, incentivada pela familia Bolsonaro, é autoritária, inaceitável e representa uma afronta direta ao povo brasileiro e à nossa soberania. Minha total solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes. Seguiremos firmes na defesa da democracia.”, disse.

Para o deputado federal Alfredo Gaspar, a sanção deve recair tão somente sobre àqueles que estão envergonhando o Brasil perante o mundo e desrespeitando os limites da Constituição.

"Reconheço a anormalidade institucional que atravessamos no Brasil. A ideologia esquerdista direcionando o Brasil para os braços das grandes ditaduras; um condenado em três instâncias, sem projeto pra nação, presidindo o país, enfim, estamos vivenciando um estado de coisas inconstitucionais e abusivas. Esses são conhecidos e agem como ditadores, donos exclusivos da verdade e da Lei. Merecem cadeia! Desta vez, a sanção recaiu em quem fez por onde: Alexandre de Moraes!", disse o deputado.

O deputado federal Fábio Costa publicou nas redes sociais um vídeo em que o caso foi noticiado por um jornal televisivo. Ele comentou que o mundo está de olho no Brasil.

"Moraes, ministro do STF, foi incluído na Lei Magnitsky, usada pelos Estados Unidos para punir financeiramente autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos e práticas antidemocráticas. E a resposta é clara: todos estão vendo os abusos de poder", escreveu ele.

O vereador por Maceió, Leonardo Dias, também reagiu à informação e também publicou a reportagem. "O preço dos excessos chegou para Moraes!", postou na legenda do vídeo.

Entenda

O ministro foi sancionado com a Lei Magnitsky, uma lei que impõe sanções econômicas a indivíduos acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. A decisão foi publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano.

Aprovada em 2012, durante o governo de Barack Obama, a lei prevê medidas como o bloqueio de contas bancárias e bens nos Estados Unidos, além da proibição de entrada no país.

Nos bastidores do Congresso Nacional, a avaliação predominante entre parlamentares da base governista é a de que a medida anunciada por Trump extrapola os limites do diálogo diplomático e pode configurar ingerência indevida em temas internos do Brasil. Há, inclusive, expectativa de uma reação formal por parte do Itamaraty nos próximos dias, a fim de reafirmar a soberania e a independência dos Poderes.

Alexandre de Moraes tem sido um dos protagonistas nas investigações relacionadas aos ataques de 8 de janeiro de 2023. Sua atuação, marcada por decisões firmes contra articuladores e financiadores dos atos antidemocráticos, o colocou como alvo preferencial de setores mais radicalizados do espectro político nacional e internacional. Ainda assim, conta com respaldo de parte expressiva das instituições e de setores do Parlamento, como demonstrou a reação imediata de lideranças como Renan Calheiros.