Política

Eduardo Bolsonaro descarta renúncia e desafia STF após fim de licença parlamentar

Deputado diz que manterá o mandato por mais três meses, critica Alexandre de Moraes e defende anistia para o pai, investigado por tentativa de golpe

Por Esther Barros 20/07/2025 14h02
Eduardo Bolsonaro descarta renúncia e desafia STF após fim de licença parlamentar
Eduardo Bolsonaro - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou neste domingo (20) que não pretende renunciar ao cargo, mesmo com o fim do prazo da licença parlamentar de 120 dias, solicitada por ele em março. 

Durante o afastamento, o parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, passou a viver nos Estados Unidos sob a justificativa de perseguição política.

De acordo com o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a ausência sem justificativa após o término da licença pode configurar falta grave, abrindo caminho para um processo de cassação. 

Apesar disso, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Eduardo declarou que pretende manter o cargo por, ao menos, mais três meses. “Não vou fazer nenhum tipo de renúncia. Se eu quiser, eu consigo levar meu mandato, pelo menos, até os próximos três meses”, afirmou.

O deputado é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente articular, junto ao governo dos Estados Unidos, retaliações diplomáticas contra o Brasil e membros da Corte, em uma tentativa de influenciar o andamento da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Jair Bolsonaro é réu nesse processo, que deve ir a julgamento em setembro.

Na mesma transmissão, Eduardo Bolsonaro voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. Ele ironizou a recente decisão do governo de Donald Trump, que suspendeu os vistos de ministros do STF e seus familiares, e acusou Moraes de parcialidade.

“O cara que vai me julgar, ele vai ver o que eu faço na rede social. Então, você da Polícia Federal que está me vendo, um forte abraço. A depender de quem for, está sem visto”, disse.

Moraes determinou que declarações recentes do deputado sejam incluídas no inquérito, alegando que Eduardo intensificou suas condutas ilícitas após medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento noturno, ordenados na última sexta-feira (18).

Durante a live, Eduardo também defendeu abertamente a anistia para o pai e disse estar disposto a ir “às últimas consequências”. “Não haverá recuo. Não estou aqui para achar meio-termo. Estou aqui para resistir”, afirmou.

A permanência de Eduardo Bolsonaro no cargo e suas declarações públicas devem acirrar ainda mais os embates entre aliados do ex-presidente e o Supremo, em um cenário político já marcado por tensões institucionais.