Política
JHC promete ficar na prefeitura até 2028 e abre caminho para Lira disputar o Senado, diz site
Em troca da permanência no cargo, Lula deve nomear a tia do prefeito para o STJ; acordo político ainda é tratado com desconfiança

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, teria se comprometido com o governo federal a não disputar cargos nas eleições de 2026, segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo. Em contrapartida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve indicar a tia do prefeito, a procuradora de Justiça Maria Marluce Caldas Bezerra, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A informação foi confirmada por interlocutores envolvidos nas tratativas. O compromisso prevê que JHC permaneça à frente da Prefeitura de Maceió até o fim do mandato, o que destravaria articulações políticas em Alagoas, especialmente a do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que tem planos de disputar uma das vagas ao Senado.
JHC havia sinalizado anteriormente que deixaria o cargo em 2026 para disputar o governo estadual, hipótese que daria palanque local ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criaria obstáculos à candidatura de Lira. No entanto, ao se aproximar do governo federal e condicionar sua permanência no cargo à nomeação da tia, o prefeito muda a configuração do cenário político no estado.
Marluce está na lista tríplice enviada ao Palácio do Planalto há nove meses, ao lado dos procuradores Sammy Barbosa Lopes e Carlos Frederico Santos. A definição sobre a escolha ainda está pendente, e o acordo pode destravar essa decisão.
A desistência de JHC ao governo abriria espaço para uma aliança entre o prefeito e o grupo liderado por Renan Calheiros (MDB), que planeja lançar o ministro dos Transportes, Renan Filho, ao governo estadual em 2026. Nesse cenário, JHC poderia eventualmente concorrer ao Senado pela chapa do MDB,mas segundo fontes ouvidas pela Folha, ele teria garantido tanto a Lula quanto a Lira que não será candidato.
O senador Renan Calheiros afirmou à reportagem que não tratou diretamente da desistência com JHC. “Se ele deixar a prefeitura será meu candidato ao Senado. São duas vagas. Não somos nós que queremos impedir a candidatura dele ao Senado”, afirmou.
Apesar do acerto, há ceticismo entre aliados e opositores sobre a estabilidade do acordo. Avaliações internas apontam que, mesmo com a nomeação da tia ao STJ, JHC poderia rever sua decisão e lançar candidatura em abril de 2026, prazo final para desincompatibilização.
No plano nacional, a permanência de JHC na prefeitura favorece a articulação do Planalto com Lira, que é relator do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5.000. A medida é uma das principais apostas do governo para a campanha à reeleição e deve avançar antes do recesso parlamentar de julho.
Com agências.
