Política

No fim do mandato, direção do PT queima largada e lança Paulão senador

A eleição para o novo diretório estadual do partido será realizada no próximo dia 6 de julho

Por Blog de Edivaldo Junior 27/06/2025 05h05
No fim do mandato, direção do PT queima largada e lança Paulão senador
Ronaldo Medeiros fala durante debate com Dafne Orion, em Delmiro Gouveia. - Foto: Reprodução/Instagram

Faltando menos de um mês para a realização do Processo de Eleições Diretas (PED), que renovará a direção estadual do PT em Alagoas, uma resolução política assinada pela atual Executiva do partido no dia 10 de junho provocou reações entre os candidatos à presidência da legenda.

Em pleno período de debate interno, o documento defende não apenas a reeleição do presidente Lula e a manutenção da aliança com o governador Paulo Dantas, mas também antecipa a posição sobre a disputa majoritária ao Senado em 2026, indicando o nome do deputado federal Paulão como pré-candidato da sigla.

A eleição para o novo diretório estadual do partido será realizada no próximo dia 6 de julho, com uma disputa acirrada entre dois principais candidatos: Ronaldo Medeiros, da Resistência Socialista e Dafne Orion, da Construindo um Novo Brasil.

A resolução foi questionada abertamente por Ronaldo Medeiros, durante o debate com sua adversária, Dafne Orion. Para ele, decisões estratégicas como essa não deveriam ser tomadas por uma direção em fim de mandato, sem o devido debate com a militância e aliados.

“Esse debate foi antecipado de forma incorreta. Acredito que caberá ao próximo diretório estadual, ao novo ou nova presidente do partido, reunir a militância e debater como o PT deverá participar da próxima eleição, se terá ou não candidaturas majoritárias próprias ou de partidos aliados, para, então, definir os nomes”, afirmou Medeiros.

Segundo o dirigente, ao apontar já um nome para a disputa ao Senado, a atual direção desrespeita a tradição democrática do PT e ignora a necessidade de diálogo interno. “Nosso partido tem uma história de construção coletiva. Decisões como essas devem ser tomadas ouvindo a base, a nossa militância. É por isso que precisamos mudar o PT de Alagoas”, reforçou.

A resolução, assinada pela Comissão Executiva Estadual do PT, justifica a antecipação da discussão estratégica como uma resposta ao atual cenário político, tanto em nível nacional quanto local. O argumento é que, para garantir avanços institucionais nos próximos anos, é necessário fortalecer a presença do campo progressista no Congresso Nacional. E para isso, o partido precisa disputar ativamente os espaços no Senado. Em Alagoas, o nome de Paulão é apontado como o mais indicado para cumprir esse papel.

O deputado federal lidera a CNB em Alagoas, e é aliado do atual presidente estadual da legenda, Ricardo Barbosa. O grupo ao qual pertencem, a CNB, está no comando do PT de Alagoas há mais de 30 anos. A antecipação da candidatura de Paulão é vista, por alguns militantes, como uma tentativa de preservar esse domínio político ou de garantir a estratégia em caso de perda do comando do partido a partir de 6 de julho.

No plano nacional, a resolução traça um cenário de enfrentamento entre o governo Lula e o Congresso dominado por forças conservadoras. A nota menciona obstáculos à aprovação de pautas sociais e critica a atuação de parlamentares alinhados ao mercado financeiro e ao agronegócio. Também faz duras críticas à política internacional liderada por governos de extrema-direita, apontando para o avanço de agendas fascistas no mundo.

Veja a resolução

RESOLUÇÃO

Mesmo em meio ao PED, importante espaço de debates internos para a escolha das novas direções partidárias no Pais, a Comissão Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores Alagoas reconhece também em a importância de emitir opinião e sinalizar naquilo que diz respeito à atual situação política e seus consequentes desdobramentos, inclusive no pleito eleitoral que se avizinha.

Embora tenha sido fundamental e significante a vitória eleitoral de Lula em 2022, sabemos que isto, por si só, não significou nenhuma redenção para o campo progressista duramente golpeado em 2016. As eleições para a Câmara e para o Senado nos revelaram o quanto seria difícil recolocar o País no rumo do desenvolvimento, com inclusão social.

Hoje, os brasileiros são vítimas da grande extorsão institucionalizada imposta pelo mercado, o sistema financeiro, e outros agentes poderosos que influenciam diretamente a agenda politica nacional. Pautas importantes e caras para o povo brasileiro, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais, só para servir de exemplo, transformou-se em objeto de barganha para compor com os interesses de deputados e senadores que representam os interesses dos financistas e latifundiários, os quais, infelizmente, são franca maioria no Congresso.

No mundo, o espectro fascista e de extrema-direita avança, aproveitando-se dos mecanismos tecnológicos e midiáticos, e liderado pelo nazifascista Trump e seus puха-sacos bilionários. Politicas nacionalistas e xenófobas são a marca do governo americano, que se espalham mundo afora, nos aproximando cada vez mais dos tempos passados que gestaram o nazismo na Europa.

Mesmo assim, temos conseguido avançar. Melhoramos os índices econômicos graças à politica de incentivo a programas sociais, como o "Minha Casa Minha Vida", entre outros, os quais só um governo como o de Lula pode oferecer. O índice de desemprego caiu, e a redução dos desmatamentos nos faz ter uma chance concreta de sermos o primeiro País carbono negativo do planeta. Daí a importância de já termos definida nossa estratégia eleitoral para 2026. Reeleger Lula é fundamental para darmos sequência a difícil caminhada rumo ao Brasil do amanhã que queremos.

Mas não podemos repetir 2022. A força e a vontade politica do governo Lula têm que se espraiar institucionalmente. Nos governos estaduais, na Câmara e no Senado, temos que ter veias pulsantes e condutoras de nossa política de desenvolvimento econômico sustentável e com inclusão social. Alianças políticas seguirão sendo uma tática privilegiada para chegarmos em 2026 maiores e com muito mais capilaridade.

Em Alagoas, devemos seguir firmes com nossa parceria com o governo Paulo Dantas e, desde já, manifestar apoio candidatura majoritária apresentada pelo bloco governista e os partidos que o compõem. Noutro ângulo, será de vital importância para o futuro governo Lula, e ele próprio já afirmou isso, que tenhamos, no mínimo, um terço do Senado Federal, ou seja, um Senador por Estado. Neste sentido, entendemos a necessidade do PT Alagoas se colocar à disposição para que esse objetivo seja atendido.

Em 2026, serão eleitos dois terços do Senado, o que nos possibilita reforçar ainda mais nossa aliança eleitoral, estendendo-a também para o cargo de Senador e indicando o nome do Deputado Federal Paulão para representá-lo nessa disputa. Sabemos que esse tema acerca da tática eleitoral do PT será objeto de amplo debate interno e que respeitará a tradicional democracia petista, no momento e nas instâncias oportunas, sempre nos norteando pela necessidade politica de termos o nome do companheiro Paulão para representar o PT nesse projeto tão importante para Alagoas, como para o Brasil.

10 de junho de 2025

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