Política

Agora é “oficial”: JHC e Arthur Lira rompem e seguem caminhos opostos

Agora, depois de várias mudanças nos últimos dois anos, todos os nomes indicados por Lira estão fora da gestão

Por Blog de Edivaldo Junior 30/05/2025 04h04
Agora é “oficial”: JHC e Arthur Lira rompem e seguem caminhos opostos
Arthur Lira e JHC - Foto: Reprodução

Após um período de distanciamento político, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), já não falam mais a mesma linguagem.

A aliança entre os dois foi breve. Começou nas eleições de 2022, quando montaram um palanque de oposição com as candidaturas de Rodrigo Cunha (Pode) ao governo de Davi Davino Filho (Republicanos) ao Senado.

Em abril de 2023, a aliança entre Arthur Lira e JHC foi consolidada com a indicação de vários nomes ligados ao então presidente da Câmara dos Deputados para cargos importantes na prefeitura de Maceió. Agora, depois de várias mudanças nos últimos dois anos, todos os nomes indicados por Lira estão fora da gestão.

As últimas mudanças ocorreram na pasta da Educação e saíram no Diário Oficial de Maceió nessa quinta-feira (29/05). Com as demissões dos aliados de Lira, os dois “oficializaram” o rompimento da aliança que os manteve no mesmo campo político nos últimos dois anos.

Um influente interlocutor da prefeitura confirma que o afastamento, efetivado nos bastidores, sem anúncio público, é caminho sem volta. “Nem Murici, nem Junqueiro. JHC vai apostar no novo/’, resume.

As razões formais para o rompimento ainda não foram explicadas, mas interlocutores políticos apontam um fator externo como elemento de tensão: a disputa em torno da vaga destinada ao Ministério Público no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

JHC tem se empenhado pessoalmente para que a procuradora de Justiça Marluce Caldas – que é alagoana e tem bom trânsito no meio jurídico – seja indicada para o cargo. A candidatura de Marluce ganhou apoio público do MP, de vários juristas e políticos como o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Paulão (PT). Em contrapartida, Lira teria atuado para “minar” a indicação de Marluce. Outros líderes políticos do Estado, a exemplo do governador Paulo Dantas (MDB), preferem outros nomes.

Além das divergências sobre a nomeação para o STJ, há um impasse maior sobre os projetos eleitorais de 2026. Segundo interlocutores da prefeitura, o plano de Lira era que JHC disputasse o governo de Alagoas, abrindo espaço para que o próprio Lira concorresse ao Senado numa “dobradinha”.

Para isso, o prefeito de Maceió teria de deixar cargo para disputar o Executivo estadual, correndo risco de perder a eleição numa disputa contra Renan Filho (MDB), que é apontado hoje como favorito ao governo.

JHC também não demonstra disposição em abrir mão da vaga no Senado, atualmente ocupada por sua mãe, a senadora Eudócia Caldas (PL) – vaga que ele conseguiu construir ao convencer o ex-senador Rodrigo Cunha a ser seu vice-prefeito.

Com esse cenário, a aliança entre os dois torna-se insustentável. Ao abrir mão da dobradinha proposta por Lira, JHC sinaliza que pretende construir uma nova composição majoritária em 2026, mantendo por ora um projeto para o governo. Para montar a chapa majoritária, passaria a apostar em políticos com perfil mais próximo do seu. Entre os nomes cogitados para a disputa ao Senado estão o ex-deputado estadual Davi Davino Filho, o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União) e a primeira-dama de Maceió, Marina Caldas. Mas essa é outra história.